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Já fui bom nisso…

Para onde nos leva uma velha canção que, inesperadamente, toca no rádio?

Em meio ao anda e para do trânsito paulistano, ouço o clássico do grande Lupicínio Rodrigues, “Se Acaso Você Chegasse”, na voz do saudoso Jair Rodrigues.

Lupe, Jair, quantas recordações…

Lá pelas tantas do samba, entre os versos “De Dia Me Lava Roupa/De Noite Me Beija a Boca”, Jair improvisa um jargão que bem conheço:

“Já fui bom nisso!”

Impossível não lembrar o grande amigo, Nasci, mestre e guru. Quantas vezes, eu o ouvi dizer a frase em tom de deboche a bordo de seu inestimável cachimbo holandês na velha redação de piso assoalhado, onde ganhávamos o nosso suado troco, como jornalistas.

Nasci, como já lhes disse em crônicas anteriores, era um brincalhão.

Zombava de nossas aflições amorosas, de nossas conquistas, dos nossos romances.

– Vocês ainda não sabem nada da coisa toda. Amar é para amantes – e não para amadores, como vocês.

Em vão tentávamos nos defender. Argumentávamos. Resmungávamos e, como último recurso, o chamávamos de coroa, velhusco, fora de linha.

Nasci beirava os 60.

Nada o afetava, porém.

Continuava rindo e retrucava todo pimpão:

– Se vocês começarem hoje a praticar ativamente a nobre arte, três vezes ao dia, todo o santo dia, daqui a uns 30, 40 anos chegarão bem próximo de onde cheguei. Não é para me gabar, não. Mas, já fui bom nisso…

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