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Já-Já, o amigo de Jânio e nosso (2)

IV.

Há que se reconhecer.

A política nunca foi o forte de Jacob Meyer Filho.

Era uma figuraça, um tanto alheia à vida real.

Gente boníssima.

Vestia-se de ternos claros, gravatas floridas.

Depois que se aposentou, adotou um chapelão de panamá, como marca registrada.

Aliás, o chapelão trouxe de uma das muitas pescarias que gostava de fazer no Pantanal.

Em certa ocasião, para provar que era verdade as histórias de pescador que gostava de contar, enviou a um empresário do Ipiranga um presente, no melhor estilo Já-Já: uma caixa de isopor – devia medir quase dois metros – com um gigantesco dourado congelado lá dentro.

Ninguém acreditou quando chegou o aviso dos Correios para que a ‘encomenda’ para o Sr. Tal fosse retirada com urgência, pois a agência não possuía freezer.

Imaginem a cena.

Naquela tarde, os quase 50 funcionários da empresa saíram felizes da vida, carregando, cada qual, a sua parte.

Quando voltou do Pantanal e soube dos transtornos que seu peixe causou, Jacob riu a valer e saiu perguntando a todos os funcionários, um por um, se gostaram do presente.

Foi logo avisando:

— Mês que vem tem mais….

V.

Outra paixão de Já-Já era a música. Mais propriamente a seresta.

Onde ia, se lhe dessem chance, o homem soltava o vozeirão, à la Nélson Gonçalves.

Sua música preferida: “Cabocla”.

Conta-se que, uma noite, Jacob extrapolou em plena solenidade de posse da nova diretoria da Distrital do Ipiranga da Associação Comercial de São Paulo. Os novos empossados alternavam-se em discursar para a platéia respeitosa. A cada intervalo, um pianista fazia um sarau com músicas ambientes, apropriadas para a ocasião.

Dizem que, num dado instante, Jacob aproveitou a pausa, deu uma gorda gorjeta para que o pianista o acompanhasse no velho hit da música popular brasileira.

Para espanto de todos os presentes, foram oito ou nove interpretações seguidas até que cantor e músico decidissem parar com a cantoria.

Há quem diga que Já-Já esperava um bis.

A platéia, porém, se deu por aliviada quando ele parou de contar.

É o que dizem.

Mas, isso, creio, pode ser maldade da oposição, os não-janistas.

* Amanhã tem mais…