O sucesso da Jovem Guarda – não só o programa das tardes de domingo, comandado por Roberto Carlos, na TV Record, mas o movimento em si de música para a juventude – era algo próximo ao que hoje vemos com essa onda de hits sertanejos que assola o País nos últimos anos.
Só que mais.
Muito mais.
Incomparavelmente maior, mesmo sem contar com o amparo midiático tentacular dos nossos dias.
Assim como hoje ‘pipocam’, aqui e ali, duplas e luans e gustavos e quetais, àquela época havia um ou mais grupos de roqueiros a cada quarteirão das cidades de todo o País.
II.
Roberto era o grande ídolo. Emplacava um sucesso atrás do outro (Calhambeque, É Proibido Fumar, Splish Splash, Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, A Namoradinha de um Amigo Meu, Eu Sou Terrível, Lobo Mau, Não Vou Ficar, Negro Gato, uma lista sem fim), ditava moda e tinha uma legião de seguidores e outro tanto de pretensos imitadores.
O ‘exército’ de roqueiros era grande: Erasmo, Wanderléa, Jet Blacks, Renato e Seus Blues Caps, Jorge Ben, Martinha, Rosemary, Waldirene, Dóri Edson, Marcos Roberto, Os Brasas, Boby di Carlo, Vanderley Cardoso, Cláudio Fontana, Jerry Adriani, Os Incríveis, The Clevers, Ari Sanches, Eduardo Araújo, Silvinha, Prini Loris, Ed Wílson, Milton Carlos, Isolda, Ed Carlos, os Jordans, Arthurzinho, Vanusa, Antônio Marcos, George Freedman, Leno e Lilian, Golden Boys, Trio Esperança, Ronnie Von, Os Vips, Deni e Dino, The Fevers, Geanne, Roberto Barreiro e outros tantos mais.
Nem tudo era festa, porém. Havia setores que faziam severas críticas. Diziam que os caras eram alienados e não estavam nem aí para a situação política do País (vivíamos um regime ditatorial). Que importavam usos, costumes e guitarras de culturas alienígenas e não passavam de um bando de cabeludos e desordeiros.
III.
Quem ouvia MPB – e muitos dos próprios artistas da sigla – não suportava a Jovem Guarda e sua música “de baixíssima qualidade”.
Até que Maria Bethânia disse para Caetano “ouvir aquela canção de Roberto” – e veio o Festival de 67, Alegria, Alegria, Domingo no Parque, o Tropicalismo e tudo mudou…
A Jovem Guarda virou cult. Continuou a ser “uma festa de arromba” e a influenciar a febre do rock tupiniquim nos anos 80 e outras tantas ondas musicais que se sucederam.
Vez ou outra, em um arranjo, em uma letra ou mesmo no tipo ‘meninão desamparado’ de alguns sertanejos, é possível identificar resquícios daqueles tempos “que eram uma brasa, mora”.
IV.
Neste 2015, a Jovem Guarda, quem diria, completa 50 anos.
– Parece que foi ontem, diz o meu amigo… Escova, tão sessentão e tão jovemguardiano como eu.