Foto: Renato e seus blue caps/reprodução
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Os garotos da escola
Só a fim de jogar bola
E eu queria ir tocar guitarra na TV
*Minha Vida, Lulu Santos.
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Fazemos coro – eu e o Escova – ao verso emblemático do contemporâneo Lulu Santos ao referendar os desejos de nossa adolescência naqueles meados dos anos 60.
Ocorre-me agora que não seja novidade o que vou lhes dizer. Mas, direi mesmo assim.
Faz parte da história. Portanto, merece registro.
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Afinal, não éramos só eu, o Escova e o menino Lulu que queríamos tocar guitarra na TV.
Bem ao estilo dos Beatles e dos Rolling Stones, creio mesmo que 10 entre 10 garotos daquele tempo tinham o mesmo idílico propósito.
Ou seja, formar uma banda de rock e cair na estrada.
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Verdade verdadeira.
Foi uma doce febre que nos abateu.
Queriamos ser cabeludos, usar aqueles terninhos mais justos que a Justiça divina, fazer caras e bocas num inglês macarrônico e, se possível, ser um bambambam ao esgrimir uma guitarra.
Fama e garotas (muitas) estavam nos planos, mas eram meras consequências.
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Faço-lhes outra ressalva pertinente.
Ao contrário de Lulu, eu e o Escova pretendíamos conciliar os talentos. Ser as duas coisas.
Tocar guitarra e jogar futebol.
Como não tivemos arte e traquejo suficientes para ambos, viramos jornalistas – e não se fala mais nisso.
Ou fala?
Fala, mas não precisa espalhar por aí.
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Explico.
Havia uma divergência entre nossos projetos, os meu e os do Escova.
E, aqui, aproveito para introduzir na série sobre a Jovem Guarda a relação de conjuntos musicais à la Beatles que foram alma e essência de todo aquele agito.
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O Escova sonhava em ser um guitarrista tipo Aladdin que comandava o grupo de rock instrumental The Jordans. Aladdin era o guitarra solo da turma de rapazes da Mooca, em São Paulo, vidrados em temas internacionais e impecáveis nos fraseados sonoros da guitarra.
Segue um dos grandes sucessos dos caras (que eram parte do elenco de contratados da Jovem Guarda):
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De minha parte, deixava de lado o virtuosismo – e me bastava mesmo, suburba que sou, ser o guitarra_base de um grupo mais descolado, tipo Renato e seus blue caps, uma das coqueluches do programa Jovem Guarda.
(‘Coqueluche’ fui buscar a palavra lá nos escaninhos dos mais antigos dos anos.)
A rapaziada engatava um sucesso atrás de outro. A maior parte deles de versões para as músicas do Beatles. Vejam a lista: “Meu Primeiro Amor”, “Feche os Olhos”, “Se Você Soubesse”, “Primeira Lágrima”, “Ana”, “Meu Bem Não Me Quer”, “Menina Linda” entre outros.
Confesso que, no rádio de casa, tocava bem mais Renato e seus blue caps do que Beatles.
Confiram a leitura que deram para um hit do The Mamas & The Papas:
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Enfim…
Bem sabem os amigos leitores que tanto eu como o Escova ficamos pelo caminho em nossos devaneios artísticos.
Melhor assim, diz-me a sensata voz do Tempo e da Razão.
A música popular e o pop-rock livraram-se de dois anônimos embustes.
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Não reclamo – mas, em minha função de escriba, cabe-me agora completar o papo de hoje com a citação de outros três grupos que foram destaques no palco da TV Record.
As músicas dizem mais que minhas tronchas considerações.
Ouçam:
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Os Incríveis
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The Jet Black’s
* Gato, o primeiro à esquerda, era o guitarrista preferido de Roberto Carlos.
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The Fever’s
* Atualmente o guitarrista e vocal Almir lidera o grupo Os Originais
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Veronica
20, fevereiro, 2025Gente, esse povo tá pra lá de sessentão!
Quem diria!
E nós na mesma, hahaha