Guilherme é estudante de jornalismo e resolveu presentear certo professor de Produção de Textos com o exemplar de número 144 da Revista do Ypiranga, onde faz estágio. A publicação existe há 16 anos e traz, como conteúdo editorial, o dia-a-dia de uma das mais representativas associações esportivas e culturais de São Paulo, o Clube Atlético Ypiranga.
Para quem não sabe, o Ypiranga tem 102 anos de existência e foi um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol. No início do esporte no País, o CAY era chamado de “Celeiro de Craques”, tantos e respeitáveis nomes que revelou para o desporto nacional – especialmente o futebol. Para não me estender, posso citar três nomes: o precursor de todos os goleadores Arthur Friendereich, o goleiro Barbosa (da seleção de 50) e o Doutor Rubens (que depois virou uma espécie de Zico dos anos 50 e fez história no Flamengo), entre tantos outros.
Profissionalmente, o clube participou da elite do futebol paulista até a década de 50. A partir de então, transformou-se num clube desportivo e social que marcou época e gerações no populoso bairro que tem o mesmo nome (só que com i no começo – Ipiranga) em São Paulo.
Não consultei os oráculos de São Google para lhes contar essa breve história. Poderia falar mais. Muito mais. Por motivos que me são caros e que os enumero a seguir:
01. Quando meu filho nasceu, há 28 anos e quequérecos, a primeira camisa de clube que ele ganhou foi a do Ypiranga, presente do amigo Nascimento. É a peça número 1 de uma coleção de ‘mantos sagrados’ do futebol brasileiro e mundial que mantém ainda hoje. Algo assim como a moeda número 1 do Tio Patinhas.
02. Cinco anos depois, o garotão estreou no gol da equipe de futsal “fraldinha” do Ypiranga com uma memorável atuação. Vencemos de 2 a 0 do Nacional da Capital. Depois disso, jogou bola até chegar à equipe de juniores da Portuguesa de Desportos, quando abandonou a carreira depois de passar por diversas equipes.
03. Fui sócio do Ypiranga por longos anos – e fiz amizades imorredouras. Me diverti a valer no campo que era de terrão jogando nas equipes de futebol para associados do clube. Era um zagueiro respeitável do time do Sucatão, que tinha como técnico o incrível goleiro Labatte e como patrocinador, capitão, camisa 10 e cobrador de todas as faltas e pênaltis o amigo Milton Bigucci. Também joguei no Alegria (quer nome mais bonito para um time de futebol) do amigo/irmão Sérgio Salvador…
04. Ah! Quase me esqueço. Também fui um dos primeiros editores da Revista quando o presidente eram o saudoso Milton Stenberg e depois o amigo Antônio Pinto, o grande Crispim.
05. Por fim, dá para dizer que mesmo distante, o Ypiranga de tantas e tamanhas tradições continua no meu coração. Também com tantas lembranças boas…
Obrigado, Guilherme. Certo professor nostálgico agradece…