Foto: Arquivo Pessoal
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Diria que me sinto assim um… um… um…
… Francisco Petrônio.
Sem o charme, a elegância, o talento e o êxito do original, óbvio.
Mas algo próximo a ele nesse pandêmico ano de 2020.
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Francisco Petrônio, quem se lembra?
Era um cantante de voz forte, repertório romântico (próximo à seresta) e farta cabeleira grisalha.
Fez um enorme sucesso ali, entre o fim dos anos 60 e os 70, ao comandar o programa Festa Baile na TV Cultura ao lado da diva Branca Ribeiro.
E aqui cabe, creio, um ‘Quem se lembra 2?’
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Éramos, então, eu e os meus, jovens e inconsequentes.
Mas, entendo, foi a primeira vez que nos demos conta de que não havia só nós, os roqueiros e cabeludos, nesse mundo de Meu Deus.
Que a sociedade se dividia – harmoniosamente ou não – em faixas etárias distintas com gostos, valores e cultura próprios.
Nem melhor, nem pior. Apenas diferente.
Confesso tínhamos uma leve noção do que era. Mas, ainda assim nos espantamos ao ver aquele povo – senhores e senhoras – sobriamente vestidos num glamouroso rodopiar infindo pelo salão.
– Então, assim que é assim? Puxa!
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Valho-me dessas recordações (que prescindem de qualquer estudo sociológico) para agradecer e responder (ou não?) às tantas e tamanhas mensagens que ontem recebi a partir do post que aqui publiquei.
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Não, amáveis cinco ou seis leitores. Não foram os alinhavos que fiz sobre o jornalismo o motivo de celebração, comentários – e outros tantos suspiros nostálgicos, diga-se.
Já desconfiam o que foi, né?
Exatamente: a escolha da música que fiz para ilustrar a crônica.
Fazer o quê?
Mirei no que vi, acertei no que não vi.
Agora pedem-me para bancar o saudoso Petrônio e escrever mais e mais sobre o significado das canções de Johnny Rivers, Donovan, Classics Four, Peter Frampton, Cat Stevens, Credence Clearwater Revival e outros tantos que marcaram nosso tempo e, nostalgicamente, nossos corações e mentes.
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Ai, ai, ai…
Reminiscências de juventude…
Alô, pessoal! Não sei se dou conta da tarefa.
O que posso dizer?
Que havia uma magia, um enlevo, um encantamento naqueles dias/noites, apesar das incertezas e dos pesares daquela época.
Que vivíamos de amores e com certa leveza.
Que havia uma ingenuidade também.
Só quem viveu pode entender: os bailinhos de garagem, a penumbra cúmplice, a luz negra, o globo prateado a girar e refletir fragmentos de luz, os namoricos, a cuba-libre da coragem e as canções… Inesquecíveis canções a emoldurar sonhos e contidos desejos.
(Algumas desilusões também. Inevitáveis.)
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Assim é que era para nós…
Não temos o quê reclamar. Temos?
Sei que me entendem…
Sei também que o que mais querem é ouvir outra canção daqueles idos tempos.
Então, lá vai…
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O que você acha?