Na home do Uol de sábado, dia 21, vejo as fotos e leio sobre o fenômeno “maré alta” que isolou o Mont de San Michel do continente e me é inescapável lembrar a viagem que fiz em 2003 pela Baixa Normandia, França.
(Nossa! O tempo passa, o tempo voa…)
Chegamos lá, eu e os meus, loucos para ver a ilhota ficar sem contato com o continente. Antes de partir, lemos e ouvimos sobre o fenômeno e logo imaginamos a cena: o mar a invadir lentamente a planície arenosa, fazendo desaparecer o elo umbilical que nos une à França. Depois acompanhar a fúria das ondas, cada vez maiores, na arrebentação junto aos rochedos. Não nos faltou imaginação – seria como entrar no túnel do tempo.
Só esquecemo-nos de atentar, na leitura, que a tal “maré alta” acontece uma ou duas vezes a cada século – e nada estava previsto para aquele rigoroso inverno em que nos embrenhamos por aquele canto do mundo.
II.
Assim que pegamos as chaves dos nossos aposentos, indagamos o recepcionista do hotel pela segurança dos veículos nos estacionamentos, fora da fortaleza, no estacionamento junto ao mar.
— Não há perigo, disse o homem.
— Como assim?
— Fiquem tranquilos.
— Mas, e se a maré subir nesta noite e inundar o local?
Um sorriso, depois a resposta:
— Isto não acontece desde o século 19.
Olhamos sem graça uns para os outros, mas resolvemos relevar, e curtir o momento.
III.
Na manhã deste sábado, quando o fenômeno voltou a acontecer, encaminhei um email com a notícia para o amigo Wilson, que idealizou aquela bela jornada,
E a resposta veio no mesmo dia. Lacônica e bem-humorada.
“Foi melhor assim, até para a segurança dos veículos que alugamos em Paris".