Cazuza morreu em julho de 1990, aos 32 anos.
25 anos, portanto.
“Você não vai escrever nada sobre…”
A pergunta é do amigo Marceleza, via email, a quem não vejo faz tempo – e, de alguma forma, me surpreende em dois momentos.
O primeiro é saber que o ‘desaparecido parça’ está entre meus cinco ou seis raros e fiéis leitores.
O segundo espanto, explico parafraseando o próprio Cazuza:
“O tempo não para”.
Aliás, creio ser este espanto o melhor elogio que se faz à obra do cantor/compositor carioca, um dos grandes nomes (se não, o maior) do pessoal que encabeçou o chamado Rock Brasil dos anos 80.
Sua música se preserva inteira, atual e igualmente comovente tanto tempo depois.
Marceleza, um sentimental por natureza, o paulista mais carioca que conheço, é fanzaço de Cazuza – é da mesma geração, um pouco mais novo, talvez, e o coloca entre os grandes da MPB.
Fala que foi o Raul Seixas daquela turma.
“Viveu o que cantou. O que cantou, viveu”.
Houve um tempo em que eu escrevia sobre música – e me achava crítico musical, com direito a dizer o que era e o que não era de bom gosto. Que este era melhor que aquele, e ponto e basta.
Sentia-me assim, como diz a garotada de hoje, a última bolacha do pacote.
Hoje, não tenho mais a veleidade de indicar nada a ninguém. Também não me sinto à vontade para essa ou aquela comparação na área musical – ou em qualquer outra. Mas, vejo sentido no que diz o amigo Marceleza.
Cada qual à sua maneira – e de acordo com seu tempo – tanto Seixas (que morreu um ano antes, aos 43) como Cazuza, ambos foram fiéis aos sentimentos e às verdades que cantavam.
Não eram personagens – o que é raro. Eram os mesmos nos palcos e na vida.