Estou longe de casa.
Vocês querem saber onde e com quem?
Esqueçam.
Um tantinho de mistério só fará bem ao desenvolver do texto.
Concordam?
O importante é que aqui estou.
Alinhavo essas maltraçadas do quarto de um hotel qualquer perdido no oco do mundo. Acompanha-me neste exato momento um velho sucesso de Nat King Cole.
Ele canta "Mona Lisa" – e me emociona a doce interpretação.
Talvez seja esta distância. Talvez seja só impressão. Tola e descabida. Mas, a cidade e a canção me remetem a um tempo e lugar que não são os meus. Aos quais, sinto-me perfeitamente integrado.
Não sei se me faço entender.
É uma estranha sensação – mas, plenamente, real, que acontece todas as vezes que viajo. Sou e não sou o que sou, mas sigo sendo…
Exemplo.
Neste exato momento, faço parte deste mundo imaginário.
Não é algo de ruim.
Ao contrario.
Pensando bem, meus caros, por vezes preciso mesmo desses respiros de estranheza.
Gosto de me sentir um turista acidental.
É quando a vida parece fazer mais sentido e o impossível chega mesmo a bater à minha porta.
Toc, toc, toc…
* Amanha a gente termina esse papo.
Vou lhes contar uma història que aconteceu comigo em Ávila, na Espanha, neste primeiro de ano. Vocês vão me entender…