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Lupicínio, 100 anos

Quem há de dizer
que quem você esta vendo
Naquela mesa bebendo
É o meu querido amor

Repare bem que toda vez
que ela fala
ilumina mais a sala
Do que a luz do refletor

O cabaré se inflama
Quando ela dança
E com a mesma esperança
Todos lhe põe o olhar

E eu, o dono,
Aqui no meu abandono
Espero louco de sono
O cabaré terminar

Rapaz!Leva esta mulher contigo
Disse uma vez um amigo
Quando nos viu conversar

Vocês se amam
E o amor deve ser sagrado
O resto deixa de lado
Vai construir o teu lar

Palavra!Quase aceitei o conselho
O mundo, este grande espelho
Que me fez pensar assim

Ela nasceu com o destino da lua
Pra todos que andam na rua
Não vai viver só pra mim

*Há 100 anos nascia, em Porto Alegre, Lupicínio Rodrigues, autor de “Quem Há de Dizer” e outras tantas canções antológicas.

Lá naqueles idos, no boteco em que nos encontrávamos dia sim e outro também, antes, durante e depois do expediente da Velha Redação de piso assoalhado e grandes janelões para a rua Bom Pastor, Lupe era unanimidade, como trilha sonora, quando um dos nossos enfrentava uma queda livre no perigoso jogo do amor. Só discordávamos com respeito qual das canções era a melhor, a mais significativa, a mais emblemática. “Esses Moços”, “Nervos de Aço”, “Cadeira Vazia”, “Foi assim”, “Volta”, “Vingança”, “Se Acaso Você Chegasse” e alguma outra que agora me escapa pontuavam fortemente na escolha da rapaziada. Mas, “Quem Há de Dizer” era preferida de muitos – eu, inclusive.

O Nasci, nosso mestre e guru, jurava conhecer Jamelão, o intérprete da versão original, dos tempos em que trabalhava na TV Record. Ficávamos boquiabertos. Então, ele fazia pose, fustigava o inseparável cachimbo, e prometia solene:

– Um dia ainda levo vocês para assistirem ao show que o Jamelão faz na
boate “Maria”. Mas, vocês têm que se comportar. Não quero ver ninguém chorando.

No que o Manoelino, quase sempre calado, soltou a maior:

– Dor de corno dói mais do que pisada de elefante.

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