Se bem conheço meus leitores (será?) sei que hoje esperam de mim um brevíssimo comentário que seja sobre as manifestações pró-Nefasto que ontem saíram pelas ruas do Brasil.
Os amáveis cinco ou seis preciosos parceiros de Blog sabem, de resto, que tenho um lado – e que não é o dos que ontem, digamos, foram defender as pautas do governo; especialmente a Reforma da Previdência.
Não tenho lá, portanto, muito que lhes dizer nesta ensolarada manhã de segunda.
Mas farei o que me cabe…
1 –
É da natureza democrática a defesa da livre manifestação, seja ela qual for.
Ao que consta, pelo que leio nos mais diversos noticiários, o movimento não teve a repercussão almejada.
Não faltaram histerismo e as famigeradas pautas bombas, tipo fechamento provisório do Congresso para o Mito e os de verde-oliva fazerem a faxina que julgam necessárias.
(Ai, ai, ai, não gosto disso!)
Consta também que os protestos contra os ‘esquerdistas’ e o PT ficaram em plano secundário, pois o importante mesmo foi a disputa entre as diversas alas da ‘direita volver’.
Todos querem a parte que lhes cabe de Poder…
2 –
Consulto o Péricles, amigo antigo, que mora ali pelos lados da Avenida Paulista. Ele me garante que “povão, povão mesmo não deu o ar da graça por ali”.
– Mais dos mesmos, belo! Acho até que estragaram o fim da semana do pessoal mais descolado que curte um domingão na Paulista e suas variadas atrações.
Ele próprio vaticinou:
– Mas, vamos combinar, quem pensa no povão?
Enfim…
3 –
Antes de desligar – estávamos ao celular – fez questão de mencionar os tempos em que éramos jovens angustiados, lá nos confins da década de 70 e “líamos Hermann Hesse e Nietzsche, entre outros autores sérios”.
– Nietzsche dizia que as classes que chegam ao Poder logo cunham expressões e palavras de ordem nas quais passam a acreditar piamente. No rastro dessas definições, sem qualquer base na realidade, há objetivos nem sempre visíveis aos olhos do homem comum, vulgo nós. Ou seja, o ‘povão’. Por trás desses objetivos, é raro encontrar na história uma dessas idéias que não resultem no esgarçamento das relações sociais e institucionais; quando não, tendo como consequência destruição e alguns milhares de mortos.
4 –
Perceberam que o Péricles é um douto senhor, professor de Filosofia e, como eu, quarto-zagueiro dos bons em tempos idos da várzea paulistana?
Tento ser mais prático para melhor entendê-lo. Até porque não sou um estudioso de Nietzsche e faz uns 40 anos que li ‘O Lobo da Estepe’ de Hermann Hesse.
Pergunto:
– Resumo da ópera, você está insinuando que vem golpe por aí?
5 –
Ele não vacila.
Faz como nos tempos do juvenil do Estrela dos Boêmios, onde formamos zaga por dois ou três jogos e ‘chuta pro mato que o jogo é de campeonato’:
–- Pra ser bem atual, diria que é o que está na alça da mira… Chumbo e do grosso! Esperar o quê de quem tem torturador como ídolo, o engodo do Olavinho como mentor e falou que matar 30 mil era de bom tamanho, inclusive o FHC?
Quanto ao povão, acrescentou nostálgico:
– Só o Adoniran pra lhe dar vez e voz…
O que você acha?