01. Semana, sim. Outra também. A cena não muda. A notícia é sempre a mesma. O Governo acena com a possibilidade de um novo imposto, via Medida Provisória. Pode ser por esse ou aquele motivo ou mesmo pela absoluta falta dele. A verdade é que sobra ao pobre brasileiro (trabalhador, empresário, tanto faz…) implacavelmente o pesado tacão das taxações, dos impostos e das (sic) contribuições temporárias, tipo CPMF. São 60 tributos ao todo (se é que de ontem para hoje não se criou nenhum…) a sufocar nossas atividades econômicas, encarecer os produtos made in Brasil, inflacionar as contas públicas, dilapidar o patrimônio da chamada iniciativa privada e corroer nosso parco e suado salário… Ainda se essa arrecadação retornasse à sociedade em forma de serviços sociais, melhoramentos urbanos e iniciativas que priorizassem a qualidade de vida, vá lá… Mas, ninguém em sã consciência é capaz de explicar o buraco negro das contas governamentais…
02. Nesta semana, não foi diferente. O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu a imprensa na manhã de quarta-feira para desdizer o que disse semana passada (O Congresso deveria apressar a votação das reformas constitucionais) e, de quebra, deixar vazar a informação de que vem aí uma Medida Provisória e um novo imposto… Originalidade, é isso aí!
03. Semana passada, o presidente surpreendeu. No momento mais agudo da crise das bolsas internacionais, FHC pregou a urgência na votação das reformas constitucionais. Serviriam até como anteparo para preservação das conquistas do Real (que, diga-se de passagem, tem nos custado a alma). Na coletiva, porém, o presidente reconheceu que a votação da reforma tributária não sai até o final do ano. Nem com o chamado "esforço concentrado" do Congresso, nem com reza brava. Como candidato em campanha, não deixou de cunhar a frase de efeito do dia: "O Real está acima da reeleição".
04. Enquanto o presidente discursa, o País oscila aos humores de Hong Kong, Nova York, Tókio… Enquanto o presidente discursa, os economistas tentam explicar o inexplicável, políticos simulam um futuro promissor, empresas fecham, a produção descamba, os juros decolam às alturas, o desemprego aumenta e flagela… Enquanto o presidente discursa, a convulsão social bate à nossa porta (tenha a forma que tiver: perueiros, camelôs, sem-terras, sem-tetos…) e nos constrange e ameaça inexoravelmente.