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Marco temporal, a emenda e o futuro

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Ao comentar o post de ontem ( Há controvérsias...), um querido amigo me diz:

“Vamos ver o que virá das novas gerações.”

Sei dos seus bons agouros – e também da sensatas inquietações que carrega, por isso lhe respondo:

“É a esperança que ainda me move. Talvez porque tenha uma penca de sobrinhos-netos. Torço para que entendam o mundo com um olhar mais solidário…”

Quarta de chuva fina sobre a cidade de manhã acinzentada, com contornos de desalento.

Digamos que, no atacado, o desalento tem sido o tom dos nossos últimos 10 anos. Por aí…

Vale para o Brasil. Vale para o Mundo.

No varejo do dia a dia, vamos levando. Fazendo o que nos cabe fazer.

Não lembro quando foi a última vez que ‘esperancei’ pra valer, olhei ao redor e disse:

“Agora vai…”

Mesmo assim, insisto: continuo a prezar as coisas simples, sensatas e sinceras.

Me preparava para escrever sobre a estapafúrdia votação da noite de ontem na Câmara dos Deputados quando recebi o ‘alô’ do amigo.

Deu o tom para o texto de hoje sobre a votação que ontem aprovou, com larga margem (283 a 185). a emenda da demarcação temporal de terras indígenas.

Uma afronta aos direitos do Povos Originários, aos ditos da Constituição, à História e ao futuro do Planeta.

A questão vai para o debate e o escrutínio do Senado onde, dizem alguns especialistas, pode se arrastar um bocado, mas não deve escapar ao mesmo e devastador veredito.

O Governo Lula é frontalmente contrário à medida.

Mas, parece não ter força para brecar o jogo nos fóruns legislativos..

Inevitavelmente a ‘bomba-relógio’ cairá no colo do Supremo Tribunal Federal para julgar a constitucionalidade da medida.

Na letra fria da nossa Lei Maior, o STF deve votar sua inconstitucionalidade – e se preparar para novos e violentos ataques da turba da nossa extrema-direita, ainda em desespero pela perda do poder central do País, mas amplamente representada no Congresso Nacional.

Duro admitir que vivemos um presidencialismo de araque.

E um mal-ajambrado parlamentarismo que se implantou a partir das concessões de verbas públicas feitas a rodo pelo Governo anterior e que o atual também se embarafustou.

Não vejo ponto de acordo entre um governo que, com boa vontade, podemos entender de centro-esquerda e um congresso, como lhes disse, mais à direita, com significa representação da extrema-direita, a mais retrógada e predatória.

Era mais ou menos isso que desalentadoramente pensava no exato instante em que recebi a mensagem do amigo. A manhã se fazia ainda mais chuvosa e nebulosa. Só me restou adiar o projeto de uma caminhada ao sol para uma manhã que, tomara, esteja próxima – e terminar o post a pensar nas crianças, luz e esperança de um novo tempo.

Deixo a questão:

O que fazemos hoje em nome do futuro dessa turminha?

Fiquem agora com uma velha canção, profética canção:

Leiam também:

PL do marco temporal vai muito além da demarcação de terras indígenas

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