Já lhes confessei aqui, em textos anteriores, que sinto uma falta danada dos velhos cronistas que ocupavam espaços, quase que diariamente, nos principais jornais brasileiros.
Escalo, de bate pronto, uma seleção deles – Rubem Braga, Fernando Sabino, Lourenço Diaféria, LM, Raul Drewnick, João Antônio, Plínio Marcos, Sérgio Porto, Antônio Maria, Paulo Mendes Campos e Joel Silveira, entre outros tantos e tamanhos.
Eram jornalistas que falavam/escreviam a língua do povo – uns mais, outros menos; mas, sempre e sempre, extraordinariamente sensíveis às coisas da vida.
Seus textos nos faziam em tender melhor este Brasilzão, de Meu Deus.
Temos um ou outro remanescente desta época. Jânio de Freitas e Carlos Heitor Cony, por exemplo – mas, na verdade, hoje fazem mais colunismo político do que crônicas do cotidiano.
Luis Fernando Veríssimo é um dos raros que ora me ocorre que, brilhantemente, faz jus a esta linhagem.
A crônica propriamente dita assim como a grande reportagem, de cunho interpretativo e independente, são gêneros em extinção nos veículos impressos.
Talvez por isso os jornalões e as revistas andam com a tiragem em queda livre.
(Nos veículos eletrônicos, a bem da verdade, raramente existiram.)
II.
De qualquer forma, quem pensar assim como eu ou estiver interessado em saber mais do assunto, tem uma bela oportunidade de zanzar por este lúdico universo com a mostra “O Rio de Mário, João e Rubem” que está em cartaz no Arte Sesc, do Rio de Janeiro, com entrada franca.
A iniciativa contempla a obra de dois cronistas, Rubem Braga e João Antônio, e do multiartista Mário Lago. Textos, documentos, fotos, vídeos e objetos traçam um panorama de como esses autores descreveram a Cidade Maravilhosa nos anos dourados do século 20. São seis salas temáticas e a visão poética e humanística de um Brasil que, hoje a gente vê, se perdeu sabe-se lá onde…