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Mártires, guias e salvadores da pátria *

Jornais de hoje dão como certo o nome de Marina Silva como candidata à Presidência.

As resistências que havia em algumas alas do PSB foram superadas a partir da convicção de que, a essa altura do jogo eleitoral, não há tempo a perder – o horário gratuito eleitoral começa na terça. Nadar contra correnteza seria um grande equívoco. Afinal, foi o próprio Eduardo Campos que chancelou a parceria, de olho no passado de lutas sociais de Marina e também no quinhão de intensões de votos que ela tinha na última pesquisa que seu nome apareceu: algo em torno de 27 por cento enquanto o próprio Campos não ia além dos 14 por cento.

O embate agora se dá na esfera de quem ocupará a candidatura à vice-presidência. Será alguém do PSB – isto é líquido e certo. Mas, as discussões se enroscam aí. Há quem pense em alguém da região sudeste, onde o minguam os votos para a coligação. Outros acham justo que seja alguém ligado à família de Campos. Outra corrente prefere que seja um “medalhão” do partido, ligado ao Nordeste para que o PSB e a região não percam o protagonismo da ação política que Campos lhes trouxe.

Nomes não faltam – nem vale à pena relacioná-los aqui. Nenhum que ainda se garanta como único e incontestável.

Seja como for, restam duas certezas diante do contexto que ora se impõe:

1 – A 50 dias do primeiro turno das eleições presidenciais, não se pode fazer qualquer prognóstico do que está por vir. O cenário aponta para uma disputa acirrada – e é só o que se pode dizer.

2 – A tenra democracia, preste a completar 30 anos ininterruptos, ainda precisa de nomes, mártires, guias e ‘salvadores da pátria’, para poder vislumbrar a luz dos novos tempos. As instituições se revelam frágeis e os programas partidários inexistem.

II.

Sigamos a conversa…

Falávamos da fragilidade de nossas organizações partidárias, do quanto isso torna imprevisíveis os dias da nossa democracia e que – quase sempre – o culto à figura pública se sobrepõe a ideias e ideais programáticos.

Partimos, lamentavelmente, do triste episódio – o acidente aéreo – que vitimou o candidato Eduardo Campos e sua equipe.

Ele próprio, registre-se, uma figura pública que se sobrepôs ao seu partido – o PSB – e que se lançou presidenciável a partir dos altos índices de aprovação de seu governo em Pernambuco.

Com o seu trágico desaparecimento, a candidata Marina Silva deverá herdar – só falta a oficialização que deve acontecer na próxima quarta, dia 20 – a candidatura à Presidência da República, embaralhando as pedras no tablado da disputa eleitoral.

Leio nos jornais de hoje análises distintas sobre os próximos passos. Quem perde, quem ganha com o novo (velho) cenário do pleito. Dilma? Aécio?

Perguntas sem respostas. Ainda.

Os institutos de pesquisa de intenção de votos já se movimentam para apurar os novos números a serem anunciados nos próximos dias (assim que baixar a poeira da comoção popular).

À espera deles – e dos rumos que diagnosticam -, antecipo algumas considerações que, creio, sejam factíveis: a) corremos o risco de eleger um presidente de um partido que, no dia seguinte à posse, se mude de mala, cuia e ministérios para o partido que sempre sonhou fundar; falo de Marina Silva e sua almejada Rede; b) não é fora de propósito cogitar-se o retorno “Volta Lula”, caso o nome da presidente Dilma não apresente boa performance nas próximas pesquisas de intenção de votos; c) o tucanato pensa em associar a candidatura de Aécio a algumas ‘bandeiras’ de Campos para não perder o momento e a oportunidade.

Seja como for, mesmo diante desse turbilhão (ampliado e espetacularizado pela mídia conservadora e comprometida), tomara que o eleitor na hora sagrada do voto, em 5 de outubro, vote consciente por um Brasil de todos os brasileiros.

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