Ninguém me avisou, juro.
Quer dizer que está fora de moda deixar mensagem de voz no celular?
Só se for um assunto de cunho profissional, e com urgência urgentíssima, me diz a amiga mais do que antenada nas novas tecnologias.
— Tudo agora se resolve no teclado. Passe uma mensagem de texto, é mais ágil.
Hãhãhã.
É o que vou fazer a partir de agora, digo sem muita convicção.
Logo, porém, me surge uma dúvida “atroz e conflitante”, como se dizia nos antigamentes.
Duas, aliás:
Se meu interlocutor nada responder? Encaminho outro recadinho ou me fecho em copas, como se nada houvesse acontecido?
Nada como estar amparado por alguém nos conformes com as modernidades. A explicação é amplamente elaborada, e conclusiva.
— Bem, se ele ou ela não respondeu, é porque não estava no barulho de responder.
Hãhãhã…
Entendi, entendi…
Não fui deselegante, não invadi a privacidade de ninguém, nem preciso me sentir um rejeitado da vida, é isso?
Sem tirar os olhos do mostrador do celular, a amiga pondera, com sabedoria inequívoca, sobre minhas inquietações:
— Depende…
Depende do quê, pergunto.
— Se for homem, esqueça. Não se aflija que, mais cedo ou mais tarde, ele lhe responde de algum jeito ou a questão já está resolvida.
E se for mulher?
(Mais do que óbvia a minha observação.)
— Bem, se for mulher, desencane. Ela que se esqueceu de você…
(E nada mais foi dito por que nada mais era preciso dizer.)