Só fui saber ontem à noite ao assistir o programa “Bem, Amigos”, no Sport TV. Minutos antes do encerramento, o jornalista Maurício Noriega pediu a palavra por um instante para registrar o centenário de Osvaldo Brandão que se completou no domingo, 18 de setembro.
Fico surpreso com a informação, e triste pelo pouco que se falou sobre a data e o personagem
O gaúcho de Taquaral, Osvaldo Brandão, merecia mais.
Se bem pensarmos, não faltariam espaço (nas páginas de jornais e revistas) e menos ainda tempo (nas grades esportivas das rádios e TVs especializadas) para se reverenciar com o devido merecimento a memória de um dos mais importantes técnicos de futebol.
Seu Brandão foi campeão por onde andou – como andou!
Fez história no futebol.
II.
Era o comandante do time do Corinthians na épica conquista do Campeonato Paulista em 1954, o Centenário de São Paulo. Também sob a sua batuta o Timão saiu da fila de 23 anos em 1977. Uma das cenas mais emblemáticas do título – além, é óbvio, do gol do Basílio – mostra o Mestre Brandão, aos 61 anos, sendo carregado em triunfo nos ombros dos jogadores e da torcida.
Por mais incrível que pareça, Brandão também foi ídolo no arquirival Palmeiras, onde trabalhou inúmeras vezes. Foi ele quem estava à frente da segunda Academia formada por Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Ney.
Em meio a essas e outras tantas vitórias, o técnico foi campeão nacional na Argentina com o Independente ao realizar uma campanha ainda hoje imbatível.
Sua equipe alcançou 86 por cento dos pontos disputados.
IV.
À época da Copa de 1974 na Alemanha, o nome de Osvaldo Brandão era muito comentado para ser o técnico da Seleção que, por fim, ficou nas mãos de Zagallo. Só com o desastre no Mundial, foi chamado para a CBF um ano depois. Em 1976, foi campeão do Torneio do Bicentenário dos Estados Unidos em uma campanha memorável.
V.
Sempre se ouve dizer de que o Brasil é um país sem memória.
Não há como negar essa dura realidade. Menos ainda o quanto, nós mesmos, jornalistas, somos displicentes com a nossa própria História. Deveríamos nos deslumbrar menos com os Guardiolas e Mourinhos da vida e tratar de preservar um tantinho mais nossa identidade cultural – inclusive, no futebol.