Hábitos comuns aos brasileiros:
• tentar entrar no elevador lotado antes que saiam as pessoas que estão lá dentro.
Já viu a cena?
• estacionar o veículo em frente à guia rebaixada da casa e, na maior caradura, desculpar-se: “é só um instantinho”.
Volta três, quatro horas depois, e sai de fininho.
• atendente que não quer atender,
Atrás do balcão, de olho na tela do celular a conferir o Face, nem sequer levanta os olhos para lhe dizer: “volte mais tarde”.
Tem mais do meu Brasil brasileiro, mas fiquemos por aqui.
II.
Termino com uma breve história.
O jornal contratou um novo motorista para a Redação. Depois de muitos anos de bons serviços prestados à Casa, o Seu Eliseu se aposentou. Como de hábito, um anúncio na edição de sexta-feira, fez uma fila de pretendentes procurar o RH da empresa.
Não sei por que cargas d’água (no tempo em que ainda não se falava de racionamento de cinco dias por semana), alguém para nos sacanear escolheu o mais mau-encarado, o mais resmungão e o mais forte deles.
O cara parecia uma geladeira de ombrudo que era.
Três dias e algumas inimizades depois,, o Jamanta resolveu tirar satisfação com o chefe da redação.
E tinha lá seus motivos, explicou:
“Entro às oito e saio às 18, com hora e meia de almoço que nem reclamo se for às 11 ou ao meio-dia. Agora, preciso dizer: isso aqui é uma bagunça. Ninguém tem hora pra nada. Ontem, me tiraram da cama às 5 da manhã porque havia um incêndio em Heliópolis, agora querem que eu saia agora, faltando cinco minutos para dar minha hora, para levar os repórteres a uma rebelião na Febem, lá nos imediações do Zoológico. Assim não dá… A que horas vou chegar no meu cafofo?”
Um (in)certo grunhido pôs fim à queixa.
Por pouco uma das pesadas Olivetti da Redação não voou em direção ao brutamonte que, justifique-se, nada entendia dos horários de um jornal naqueles idos tempos.
No dia seguinte, o rapaz pediu demissão.
E a história virou motivo de piada.