Minha modesta colaboração para o jornalismo literário – o livro “Meus Caros Amigos. Crônicas Sobre Jornalistas, Boêmios e Paixões” – está à venda no estande da Editora Scortecci na Bienal do Livro de São Paulo.
Quem diria, meus caros cinco ou seis fiéis leitores, quem diria que este malajambrado escriba e suas maltraçadas participassem de evento como este, de tamanho porte.
O que pensariam os camaradas da Velha Redação de piso assoalhado e grandes janelas para a rua Bom Pastor? Como reagiriam os amigos pés-de-chinelos daquele boteco (que não mais existe, pois deu lugar a Estação Sacomã do Metrô) quando os convidasse para uma visita à feira e lhes dissesse do livro?
Tais convivas – uns mais, outros menos – são personagens das breves histórias do livro. Nem por isso, acreditem, me poupariam das piadas e gozações.
Marcão, imagino, seria o primeiro a baixar a minha pretensa bola.
“Jornalismo literário? Que estropício é este?”
Antes mesmo que eu pudesse me defender, o meu primeiro editor daria seu vaticínio:
“Existe jornalismo, e pronto. Ou você escreve bem, com clareza e objetividade, ou não.O resto é uma grande cascata”.
Zé Jofre, em seu socialismo atávico, seria contundente:
“Ô burguesinho alienado, que enfoque você da para a revolução?”
(“Marcão e Zé Jofre” é uma das primeiras histórias do livro.)
O personagem principal das crônicas, o grande Nasci, não se abalaria ao saber das novas. Daria duas ou três baforadas no indefectível cachimbo – e diria o de sempre.
“Até gostaria de ir, para prestigiar o amigo. Mas, sabe como é, não gosto de multidão”.
E completaria, com a ironia de sempre.
“Sou tímido. Além do que, como estrela da obra, não quero ofuscar o sucesso do autor. Nem dividir com ele um eventual fracasso”.
O AC, o If, o Made, como de costume, concordariam de imediato com Nasci – e estenderiam a proposta. Que todos fossem bebemorar naquele boteco na esquina das ruas Bom Pastor com a Greenfeld,
“Ali, estamos em casa…”
Sempre estivemos, reconheço hoje algo saudoso.
Escrevi “Meus Caros Amigos”, na verdade, para homenageá-los e amainar, um tantinho que fosse, a ausência dos companheiros de sempre.
O lançamento oficial foi em 2010, mas ainda há uma centena de exemplares à espera de incautos leitores e novos amigos…