Valdir,
Djalma Santos,
Valdemar,
Aldemar e
Geraldo Scoto,
Zequinha e
Chinezinho,
Julinho,
Américo,
Nardo e
Romeiro.
Esta foi a primeira escalação do Palmeiras que aprendi na vida – e, de resto, nunca mais esqueci. Foi o time supercampeão paulista em 1959, após derrotar em um "melhor de três" o Santos de Pelé, Pepe, Zito, Pagão e Cia.
A bem da verdade, sou palestrino desde que nasci; vem de berço, é de família. Procedência, origem, história; essas coisas que os italianos trouxeram para aqui chegar e dar uma cara de Nação a este País.
Para quem me quiser entender melhor, a autobiografia lá em cima, na barra à direita, ou a crônica Meu Periquitinho Verde (blog 30/03/07) podem explicar melhor. Em resumo, o futebol é uma das grandes paixões da minha vida, mesmo que, por aqui, o nível tenha despencado consideravelmente.
Há tempos venho imaginando escrever algumas linhas sobre o que vejo e ouço sobre o tal esporte bretão. Me contive. Sei bem que se começo não paro mais e os amáveis cinco ou seis leitores que me acompanham – mulheres, na maioria – vão odiar essas crônicas de um assunto só.
No entanto, permito-me a ousadia neste domingo. É que fiquei tocado pelo texto de Ugo Giorgetti, cineasta dos filmes ‘Boleiros’. Quero logo incluí-lo na lista dos Meus Textos Preferidos, replicá-lo aqui e dividir com vocês a emoção de torcer pelo Palestra.
Detalhe importante: ele escreveu antes da épica vitória de ontem por 1 a 0 sobre aqueles da Marginal Tietê…
Boa leitura!
Título: Decadência? Só para os rivais
Por Ugo Giorgetti
A dificuldades pelas quais passa o Palmeiras fazem muita gente afirmar apressadamente de que se trata de um clube decadente. Se isso é verdade, o Palmeiras é um clube decadente há mais de 50 anos. O curioso é que esse clube decadente ressurge sempre de sua própria queda para atravessar o caminho dos outros e ganhar títulos, campeonatos, torneios , o diabo.
É claro que a fase atual é mais difícil porque, na verdade, o clube é parte de um futebol que como um todo atravessa um período terrível. É difícil, portanto, distinguir a alegada decadência do Palmeiras de uma decadência mais geral que assola os clubes brasileiros e que se manifesta pela total impossibilidade de manter qualquer jogador dentro do País por mais de um ano. Donde se conclui que os clubes, por sua vez, pertencem a um país que, apesar da retórica oficial, despencou tremendamente no confronto com países adiantados. Desse modo há uma situação geral muito complicada da qual o futebol é parte.
Mas, deixemos isso um pouco de lado, fingindo que essas dificuldades não existem, e voltemos ao cão do Palmeiras.
Um dos motivos da alegada decadência é o fato de que jogadores como Carlinhos Bala, Kleber, Alex Mineiro, Dênis Marques, etc prefiram outros clubes ao Palmeiras. Eu pergunto: E daí: Quem é essa gente? Com o devido perdão a esses boleiros, eles não representam grande coisa no futebol, de outro modo não estariam por aqui. Receberam alguma atenção pela pobreza geral, pela indigência do futebol brasileiro atual. Qual a diferença entre eles e Rodrigão, que aceitou a proposta do clube? Nenhuma. Infelizmente o futebol está reduzido a esses nomes, a essa ninguenzada, como diria Darcy Ribeiro. Tanto faz tê-los ou não tê-los. Como tanto faz que um jogador como Florentin tenha ido embora, ou mesmo Paulo Baier. A única preocupação quando saem é que não sejam substituídos por alguém pior.
Ficam como outros “sintomas” da decadência a falta de títulos nos anos recentes. Os apressados tomam por decadência, porém, algo que faz parte da essência do Palmeiras. De quando em quando na sua história há escassez de títulos. De 1950 a 1959 o time amargou fila. Depois houve o período de 16 anos também sem título. Isso, portanto, não é novidade na história do clube. Regularidade e racionalidade nunca foram o forte do Palmeiras, um clube que insiste em transitar perigosamente entre a glória e o abismo. Quem torce para o Palmeiras aprende desde cedo que tudo pode acontecer. Ao Parque Antártica se vai preparado para o melhor e para o pior.
Sempre foi assim e sempre será. Não há sentimentos mornos, medianos, reservados aos torcedores desse time. Ou se comemora uma vitória épica ou se lamenta uma derrota catastrófica. É isso. Quem não quiser que torça para outros clubes sensatos, organizados e previsíveis, preocupados em não perder. O Palmeiras sabe que a derrota é parte da grandeza.
Por isso não vejo decadência alguma. O Palmeiras de hoje é igual ao que sempre foi. Atravessando mais um período particularmente negro, lambendo em silêncio suas feridas, mas certo de que subitamente, inesperadamente, de algum modo vai ressurgir como tantas vezes antes, para continuar a ser o espinho atravessado n garganta de todos os times do Brasil.
O século é longo e ainda mal começou.
* Transcrito de O Estado de S.Paulo, de 01/07/2007