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Muricy e Caetano

O que há em comum entre o bom caráter Muricy Ramalho e o bom baiano Caetano Veloso?

Nada a ver com futebol.

Nada a ver com música.

Caetano, ao que se saiba, não é de bola.

Ao que me consta, Muricy não é de se despinguelar atrás do trio elétrico.

Na verdade, o que os une é o gesto lúdico e tranqüilizador que vêem no ato de lavar louças.

Pois é…

Nas mil e uma entrevistas que o técnico do São Paulo deu por ocasião do tricampeonato, ele falou que, às vezes, dá folga à empregada e toma para si a "relaxante" tarefa.

Verdade e dou fé.

Saiu em todos os noticiários.

Muricy diz que o barulho da água o acalma.

Um tanto da pressão dos gramados, do estresse pelos resultados, do peso da responsabilidade imensa de fazer feliz toda uma nação… Um tanto disso tudo escoa pelo ralo da pia.

Faz algum sentido.

Lá nos idos tempos, quando trabalhava como repórter de Cultura, ouvi Caetano Veloso confidenciar qualquer coisa no gênero numa das tantas entrevistas coletivas.

Vou ser franco.

À época, achei doideira do moço.

Desconsiderei.

Assim como Muricy, Caetano às vezes gosta de desconsertar os repórteres.

Ops.

Não é que me apareceu um segundo ponto comum entre os dois!

Quem diria…

Aliás, só agora me toquei de o porquê desta conversa.

A moça aqui de casa, a Maria José, entrou em merecidas férias na sexta. Volta só em meados de janeiro.

Três jantares, dois almoços e alguns cafés depois, tem uma considerável pilha de pratos, copos, xícaras, talheres em cima da pia à espera de alguma generosa alma intranqüila que queira se acalmar.

Quem se habilita?

Pode ser pretenso técnico de futebol ou compositor baiano ou coisa que o valha.

Prometo não atrapalhar.

É que cronista não leva jeito – e só se acalma mesmo quando vê o texto pronto. Como este agora…

… Que acabei de acabar.

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