Foto: Jô Rabelo
…
Não há vitórias definitivas.
Derrotas, também não.
Alguém lembrou o pensamento dias desses. A propósito da vitória do Palmeiras sobre o Vasco e a conseqüente conquista de mais um Brasileirão.
Já conhecia a frase, elaborada com mais estilo, em algum livro que li. Do Saramago, talvez.
…
Meu recente interlocutor, certamente, a usou para escapar de um provável deboche que ouviria, pois é torcedor do Mengão ainda que enrustido pela esfarrapada desculpa de “pouco afeito ao futebol”.
Vez ou outra, neste ano, brincou com o tal “cheirinho” rubro-negro do futuro campeão.
Com a inevitabilidade dos fatos, Palmeiras deca, assim que me viu, veio se justificando.
Não há vitórias definitivas etc etc.
…
O ilustre escritor português (se é que foi ele) jamais imaginou que tal expressão fosse usada para tema tão banal.
Muito provável se referiu à vida real. Esta mesmo que nos move e comove todos os dias, com seus mistérios, com suas tristezas e arrebentações.
…
Explico o preâmbulo.
Leio no Uol que o meu Palmeiras fez o convite oficial para o presidente eleito assistir à entrega da taça que acontecerá, domingo que vem, no jogo contra o Vitória, no Allianz Parque.
O homem se disse palmeirense. Manifestou-se parabenizando o clube pela conquista nas redes sociais e tal e cousa e mariposa [embora tenha posado para fotos usando a camisa de outras agremiações e dado declarações de simpatia a outras equipes].
…
Aviso logo que ninguém me consultou. Nem consultou, grosso modo e por qualquer pesquisa ou enquete, a torcida palmeirense.
Foi um gesto de suposta educação e elegância da diretoria. Que ainda não deu maiores explicações sobre o convite.
Pior: aguarda ansiosa a resposta.
…
Se o homem é palestrino de primeira hora ou não, pouco importa. Penso que o convite é inoportuno. Especialmente pelo momento conturbado que ora vivemos. Mais ainda pelo que podemos viver a partir das declarações que o eleito faz desde sempre e, com maior frequência, a partir do resultado nas urnas.
…
Lamento profundamente, como palmeirense que sou.
Pegou mal na quebrada verde.
Não se deve misturar esporte e política.
Os resultados estão aí – e nunca são a bem do esporte.
Acho uma formalidade desnecessária.
Vai agradar a alguns; e desagradar a outros.
…
Não condiz com a história que eu, garoto, ouvia dos italianos amigos do pai, no Cambuci. Muitos fugiram do fascismo italiano, vieram para o Brasil e engrossaram as fileiras de torcedores do Verdão.
Não condiz com a postura heroica, de resistência, adotada pelos dirigentes e palmeirenses durante as aflições da Segunda Guerra Mundial. Quando o Palestra Itália foi obrigado a se tornar Palmeiras.
…
Bola fora, presidente Galiote!
Que o Felipe Melo fale, o Felipão, outro jogador qualquer, um diretor ou mesmo o senhor, em seu nome, se expressem, beleza… Têm este direito. Agora, envolver toda a instituição, todos os palmeirenses na hora da festa, aí, que me perdoe, mas, não é justo, nem cabível.
Não manche a nossa história.
Começou equivocadamente o segundo mandato.
…
Tinha me programado para ir ao estádio.
De boa. Não sei mais se vou…
O que você acha?