Até que, em determinado momento, Raul pediu a palavra.
Anunciou: gostaria que todos fossem testemunha da grandiosidade do seu amor.
Logo apareceu uma caixa enorme em sua mão.
Era o misterioso presente – e, jurou, a surpresa ele comunicaria depois.
O coração da moça disparou.
Ela anteviu a cena.
O malandrinho colocara uma caixa dentro da outra. Ela abriria uma a uma até chegar ao pequeno invólucro que abrigaria o belo anel de noivado.
Só depois, então, ele faria o pedido formal.
Não era original a brincadeira.
Mas, pensou, tudo vale à pena quando a alma não é pequena.
Há quem diga que Camões proibiria o uso de seus versos – mesmo no vão pensamento da moça – se lhe fosse dado assistir à cena seguinte.
Bastou que ela desfizesse o primeiro pacote – e eis que surgiu uma caixa enorme.
Dentro dela, reluzia a tal panela de fondue.
— O que é isso? – bradou indignada nossa heroína.
E Raulzinho todo-todo.
— É o que você mais queria. Lembra aquela tarde no shopping?
— Não acredito! – bufou a moça.
E Raulzinho, sem noção:
— É verdade. É toda sua, bobinha!
Antes mesmo que ela pudesse explodir toda a sua raiva, Raulzinho, sempre ele, fez o comunicado prometido:
— Agora, gente, a Mô vai estrear o presente e fazer um fondue delicioso. Para todos nós…
E concluiu:
— Fala aí, Mô, pode falar. Eu não sou o melhor namorido do mundo?
* Nota do Blog:
Acredite se quiser. Mesmo após esse dia, Raul se recuperou. No ano seguinte, comemorou o aniversário seguinte da Mô em Paris – e hoje ele e ela vivem felizes. Há quem diga que é para sempre.