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Com a alma atarantada

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Por dentro

Com a alma atarantada

Sou uma criança

Não entendo nada

 

Tem coisas que nunca vou entender.

Seja na calada da noite, seja no raiar do dia.

Pode ser ao entardecer. Ou mesmo ao meio-dia.

(…)

Como chegamos nisso?

O Ilegítimo, como presidente. Impune, a comandar o bandalho que defende e acoberta e o defende e o acoberta.

Uma vergonha, diria aquele apresentador que não sei onde anda.

Chega a ser um escárnio com o homem comum tudo o que hoje acontece por aqui. O tal País lindo e trigueiro que, lá um dia, foi abençoado por Deus, mas que hoje está entregue às pragas, ratões e usurpadores.

(…)

Tristemente triste.

Não ouço os paneleiros indignados se manifestarem. Menos ainda vejo os teletubes e as fofoletes, patos e patacos, em seus alvissareiros domingos cívicos na Avenida Paulista. Helicópteros das emissoras de TV a filmá-los enquanto nos estúdios os arautos do impeachment se regozijavam em clima de “Pra Frente, Brazilzilzil”.

Não, não era jogo da seleção.

Queriam mudar o País.

Mudaram…

Para bem pior!

E (muitos) se mudaram…

(…)

Alguém me diz que a moda agora é migrar para a quase Europa.

Portugal é o point.

Os endinheirados ainda preferem a Flórida – Orlando, Miami, Fort Lauderdale e arredores.

Nova York é para poucos. Para quem pode.

Que se cuidem…

Pois, como escreveu Machado de Assis…

“A cidades mudam mais depressa que os homens”.

(…)

Aliás, aproveito a citação do expoente máximo de nossa Literatura para lembrar frase enigmáticas que ainda martelam em minha memória.

Eu lhes disse:

Tem coisa que nunca vou entender.

“O Jornalismo é a expressão do pensamento social”

Era este o título das duas páginas sobre a história da Imprensa na enciclopédia com que o pai me presenteou assim que comecei a cursar o Ginásio.

Será que virei jornalista por isso?

Acreditei na história de humildemente escrever a História?

Será que houve mesmo essa influência na decisão que, a bem da verdade, nunca tomei conscientemente.

Simplesmente, aconteceu…

(…)

Outra frase:

“É realmente loucura chamarmos a ilusão de realidade e a realidade de ilusão”

Loucura tão presente nos dias atuais, mas a provocação conheci em um livro de nome bonito que só – “Não Apresse o Rio (Ele corre sozinho)”.

Era jovem – e, vamos lá, um tanto metido à besta.

Imaginava saber tudo de tudo. Da vida e até da pós-modernidade, inclusive.

(…)

Me perdoem o passado que me condena.

Me perdoem, ainda, sequer lembrar o nome do autor do livro.

Ficou a mensagem que, desconfio, nunca coloquei em prática.

Como já escrevi tantas vezes, tenho uma tendência a ficar imaginando coisas. E acreditar.

(…)

Volto a Machado e às cidades que mudam.

Hoje, tantos anos depois, dou plena razão ao mestre.

Não reconheço a São Paulo que me viu crescer. A São Paulo da garoa, dos bondes, cortiços e homens de chapéus. A São Paulo (algo provinciana) do meu tempo de menino. Muito embora o menino e o sonho ainda vivam em mim.

Como na canção do Erasmo…

 

*Foto: Jô Rabelo

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