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Não são tão diferentes assim…

Nas eleições municipais de 1985, os setores mais conservadores da política brasileira se reuniram em São Paulo em torno da candidatura do ex-presidente Jânio Quadros à Prefeitura de São Paulo.

Era um momento muitíssimo especial.

Meses antes, o primeiro civil se elegia presidente da República, Tancredo Neves, mesmo que por um Colégio Eleitoral, depois de 21 anos de generais-presidentes-ditadores.

Houve o que houve com Tancredo, infelizmente. Sarney ocupou a presidência e nossa tenra democracia dava os primeiros passos, dúbios e vacilantes.

Nunca entendi o motivo que levou o então emergente Partido dos Trabalhadores a lançar o então deputado Eduardo Suplicy como candidato a prefeito enquanto o favorito do pleito era o senador Fernando Henrique Cardoso, do PMDB.

A divisão do que entendíamos ser,, àquela altura do campeonato, os setores mais progressistas da sociedade colocava em risco a vitória na principal Capital do País e, por extensão, balançava todo o processo de redemocratização.

Sou um cara simples do Cambuci. Não sou lá de grandes estratégias e bolações.

Por isso, pensava o óbvio: se alguém queria o melhor para a cidade e para o Brasil, melhor seria apostar na vitória de quem sempre defendeu a volta do País à normalidade democrática e social.

Dividir os votos era uma sandice. PT e o então PMDB deveriam juntar forças – e, por circunstâncias do momento, Fernando Henrique era o nome indicado (já que o nome de Mário Covas acabou sendo inviabilizado, pois não havia reeleição).
A vitória de Jânio seria um retrocesso, como afinal acabou acontecendo.

II.

Já contei essa história aqui algumas tantas vezes.

Retorno a ela hoje motivado pelo artigo que ontem li na seção ‘Tendências e Debates’, da Folha de S. Paulo. Chama-se “A frustrada aliança entre PT e PSDB” e é de autoria do coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew. Nele, o autor relata a tentativa que fez, em 1993, de organizar um movimento de aproximação entre PT e PSDB “que, apesar de diferenças de origem e atuação, cresciam em respeito e credibilidade aos olhos da sociedade”.

Dessa tentativa – e com a adesão de representativos nomes dos dois partidos -, fez-se um manifesto com mais de 500 ilustres adesões. Em um de seus trechos dizia o seguinte:

“Que o debate construtivo possa conduzir a um programa realista e factível que seja a base de uma composição de forças comprometidas com as mudanças sociais e políticas”.

No artigo de ontem, o autor também destaca que, à época, presidentes do PT e do PSDB (Lula e Tasso Jereissati) deram sinal verde à iniciativa, inclusive com a formação de equipes “que começaram a trabalhar um programa comum”.

Acrescenta no parágrafo seguinte:

“No meio dos trabalhos fomos surpreendidos pelo lançamento da candidatura Fernando Henrique Cardoso à Presidência, em aliança com o PFL”.

Os trabalhos foram interrompidos.

E o autor conclui:

“Até hoje me pergunto como estaria o nosso país e a nossa política se aquele processo tivesse prosperado”.

III.

Enfim…

Como disse, sou um homem simples do Cambuci, mas à minha maneira também faço lá minha conclusão:

Os tais senhores pensaram mais em si, nos próprios interesses, do que no País. E os partidos/partidos, em essência, não são tão diferentes assim.

Tô certo ou tô errado?

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