Ainda ontem comentei sobre ele numa roda de amigos.
Coisa de quem tem mais de 50.
Falávamos dos primórdios da TV. Do tempo em que era em preto e branco, ao vivo.
Das garotas propagandas Idalina de Oliveira, Meire Nogueira, Neide Alexandre…
Dos apresentadores do Almoço Com As Estrelas, Aírton e Lolita Rodrigues…
Do Vícente Leporace e da Grande Gincana Kibom…
Do humorista Walter Stuart e os pastelões no estilo dos Patetas…
Do super Falcão Negro, interpretado por José Parisi…
Foi então que me lembrei que há tempos não vejo o amigo Natal Assad Saliba.
Ator e comediante, ele viveu os bastidores da pioneira da TV Tupi e sempre nos contou casos saborosos daqueles idos e vividos tempos.
Natal era de ascendência libanesa, como confirma o sobrenome Saliba.
Tinha quase dois metros de altura, o que fazia com que Parisi – que era o mocinho do seriado diário, levado ao ar diariamente – pedisse sempre que o escalassem como o vilão da história. Assim, o impávido Falcão Negro, desde então o terror dos bandidos e malfeitores, pudesse mostrar toda a força dos seus golpes ao derrubar aquele gigante.
O gigante era o bonachão Saliba, uma doce figura.
Que ainda trabalhou em filmes do Mazzaropi…
Que adorava o Clube Atlético Ypiranga…
Que por fim se transformou no mais sincero historiador do bairro do Ipiranga, onde sempre viveu.
Saliba morreu no sábado, aos 81 anos.
Soube minutos atrás, via email. Como manda a modernidade dos nossos dias, indiferente aos nossos mais recônditos sentimentos.