O que está acontecendo com o nosso Brasil?
A pergunta não me surpreende. O amigo Nestor demonstra o interesse e a preocupação de alguém que vive no Exterior desde meados dos anos 60, quando a família precisou sair do País por questões políticas. Ele mora na Bélgica, mas o reencontrei em Lisboa ainda no primeiro semestre deste ano após décadas sem notícias do amigo..
(Leia o post “Nestor e a crise na Europa”, publicado em 4 de julho),
Sinceramente, não sei exatamente o que lhe responder.
Sei do amor de Nestor ao Brasil, mesmo vivendo longe há tantos e tantos anos.
Ele continua um otimista quanto ao nosso futuro.
Toda vez que, durante nosso reencontro em uma bodega às margens do Tejo, eu lhe dizia dos nossos problemas, do retrocesso que vivemos econômico e social, disso, daquilo e daquel’outro, o amigo fazia questão de mudar de assunto e lembrar pontos positivos do País.
— Me fale da Copa do Mundo. Tenho uns amigos gringos que adoraram o acolhimento que receberam. Falaram tão bem dos brasileiros e, principalmente, das brasileiras. Falaram de nossas belezas naturais. Falaram de tanta coisa que até pensei em voltar.
– Mas, o 7 a 1 contra a Alemanha foi uma tragédia. Eles não disseram?
– Isso é futebol – me respondeu ele. – Um dia se vence, em outro se perde…
II.
Não contrariei o amigo – e nem era o momento para aquilo. Continuamos nossa conversa, repleta de nostalgia dos tempos idos e de lembranças do Cambuci onde passamos nossa infância.
Mas, hoje, via email, o amigo me surpreende com a pergunta em tom de desalento. Disse que andou saindo alguns artigos nos jornais europeus com informações que o deixaram bastante preocupado. Daí o questionamento.
Me encho de coragem e lhe falo da sucessão de escândalos, da falta de representatividade política, do conservadorismo, do comprometimento da mídia, do recrudescimento da intolerância, da falta de perspectivas, da débâcle da nossa Economia.
Falam até em impeachment, concluo.
“O que seria péssimo para nossa ainda tenra democracia que se consolida. Lembra-me muito o quê ocorreu às vésperas de 64, quando éramos criança”.
III.
Envio o email – e, minutos depois, recebo a resposta do Nestor:
“Por falar, em 64… Não tem dedo dos Estados Unidos nesse bololô?”
O Nestor continua o mesmo – e o Brasil, também.