Recebo o email de uma estudante de jornalismo.
Quer saber minha opinião.
Importante para ela, diz. “Pela minha experiência profissional e acadêmica”, poderia ajudá-la a definir que rumo tomar.
Ela trancou a matrícula no curso, pois está estagiando em um site de turismo e o pessoal está feliz com o trabalho que realiza e quer contratá-la de imediato, só que em tempo integral – o que inviabilizaria o semestre na universidade. Tem viagens encima de viagens a serem feitas, iria mais faltar do que dar as caras pelo campus.
Ela tem 22 anos – e está muito feliz onde está e com as oportunidades que lhe surgem como por encanto e, reconheça-se, mercê de seu talento.
Difícil fazer qualquer comentário. Não há uma receita que caiba para solucionar tal situação.
Há perdas e ganhos.
Melhor que a estudante faça o que, de certo modo, o seu coraçãozinho já decidiu.
Ao que pude entender, ela quer continuar trabalhando e viajando. Mais dia, menos dia, ela aparece por aqui para tocar seu projeto acadêmico.
Não há no mundo o que possa obrigá-la a fazer o contrário, com garantia plena de que está fazendo o certo.
II.
Lanço mão desta breve história – e guardada as devidas proporções – para falar do tal dilema anunciado que vive o menino Neymar, segundo os suplementos esportivos da imprensa nativa.
Deve ou não ir para o Exterior o quanto antes?
Bastaram dois ou três jogos em que ele não brilhasse – e, pronto, a mídia enfileirou série de argumentos que justificam a possível apatia do rapaz com os dia-a-dia de nossas praças esportivas.
A saber:
– Está cansado de ser caçado em campo por zagueiros medíocres que querem
crescer em cima dele.
– Anda muito mimado por tudo e por todos, pois é o único craque em evidencia no país.
– Não aguenta mais sua agenda de compromissos publicitários e de pop star.
– Está enfastiado do Planeta Bola. Desde que apareceu, joga no Santos e na seleção sem ‘refresco’.
– Sente falta das coisas simples da vida, como ir à praia, passear no shopping.
– Já tem contrato pré-assinado com o Barcelona.
– Ele já fez tudo o que tinha que fazer por aqui. Não tem mais entusiasmo para os desafios que aqui se apresentam.
Portanto, e finalmente, deve transferir-se para a Europa o mais rápido possível.
III.
Ontem, Neymar abriu a temporada deste ano do programa Jô Soares. O craque também não estava lá muito à vontade diante do entrevistador que, para variar, falou mais do que o entrevistado.
Neymar escorregou o quanto pôde da incomoda pergunta a ponto de Jô, brincando, lhe questionar:
— Você é jogador de futebol ou político?
O boleiro repetiu o que cansou de dizer aos repórteres esportivos.
Está bem no Santos, tem contrato até final da Copa do Mundo. Não pensa sair neste momento, mas, como qualquer garoto da sua idade, sonha em jogar na Europa e cousa e lousa e mariposa.
Nenhuma palavra sobre a fase atual, nem sobre o namoro com a global Bruna Marquesini.
IV.
Sobre essa série de jogos em que Neymar parece demonstrar desinteresse e cansaço; se me permitem um comentário, diria que os altos e baixos são absolutamente normais na vida de qualquer craque. Pelé teve os seus, acreditem. Zico, idem, entre outros tantos e tamanhos.
Quanto ao namoro, recorro ao amigo Escova, o Dom Juan das quebradas do Sacomã, para esclarecimento de quem entende do riscado:
— É, meu caro, tem vez que cuidar de uma só mulher dá mais trabalho do que ficar com vinte ou trinta na balada. Depende do grau da nossa paixão…