Foto: Lucas Figueiredo/CBF
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Se eu escrever algo no Blog hoje que não seja sobre o caso Neymar, os meus amáveis cinco ou seis leitores ficarão decepcionados?
O que chamam de Tribunal da Internet bate e rebate o tema, os personagens, culpados e inocentes – se é que os há.
Não me sinto confortável para falar ainda mais sobre o assunto.
Melhor seria dizer, não me sinto em condições de…
Ou a fim de…
É um caso pra Justiça – e ponto e basta!
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Nessas horas me bate a sensação de que eu tenha que repensar este cotidiano blogar.
Não gosto de ficar refém do noticiário.
Do mesmo modo que, como o hábito do cachimbo entorta a boca, esses quarenta e tantos anos de Jornalismo – nas redações, nos livros, nas salas de aula e neste espaço prestes a completar 13 anos em 25 de setembro – me fazem um refém quase natural dos fatos do dia.
Às vezes, tento. Raramente consigo.
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Hoje me parece um desses dias.
Tal e qual o Tite, técnico da seleção, não permito julgar ou pré julgar Neymar, a moça ou quem quer que seja. Neste ou em outros casos que saem da esfera privada para a incontrolável discussão pública.
Até porque hoje o que vejo no cerne do debate é a criminalização do material divulgado pelo craque do PSG (fotos e conversas íntimas) na tentativa de se defender da acusação de estupro.
O mundo virtual dá o peso à real condenação ou suposta inocência.
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Especialistas de diversas áreas das ciências humanas discutem o tema.
Para minha surpresa, há advogados que vêem no gesto uma estratégia de defesa que deve se mostrar válida ou não com o decorrer do processo que, atestam, será longo.
Outros levantam a tese da ‘pornografia de vingança’ (quando uma das partes divulga vídeos, fotos e conversas íntimas, mesmo consensuais, sem o consentimento prévio da outra pessoa) que é crime já estabelecido por jurisprudência.
No âmbito da Psicologia, a versão mais comum é a da falta de ética, o que se configura uma falta grave.
Lá no bairro operário do Cambuci, entre os desvalidos, meus chegados, o termo usado seria “baixaria”.
Neymar e seu staf apelaram – e feio.
Arrogância (sou o rei de Paris), interesse de preservar a reputação incólume (e por consequência os bons patrocinadores) ou uma equivocada estratégia de defesa (vivemos num mundo machistóide)?
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Eis as questões que estão postas e repostas no noticiário do dia.
Questões que deixo à reflexão minha e dos amáveis leitores, se quiserem se dar ao trabalho.
Amanhã, prometo mudar de assunto.
Tomara…
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O que você acha?