Faço o trajeto turístico do Parque Nacional de Foz do Iguaçu a passos lentos. Um olho na exuberância das cataratas que me ladeiam, outro nos quatis que caminham em sentido contrário ao meu pela mesma pista.
Assim que chegamos ouvimos a recomendação dos funcionários do Parque para não alimenta-los, nem se aproximar muito dos bichinhos que habitam o lugar e são inofensivos quando não se excitam pelo cheiro de comida.
Achei justificável o aviso – e engulo a barra de cereal que trago no bolso da jaqueta. Não estou com fome, mas não quero confusão.
Só fico desconfiado do repelente aos mosquitos que passei na pele.
Será que posso topar com algum quati resfriado que confunda os odores e me atacar?
Dou risada sozinho das minhas aflições, não tão infundadas assim. Logo adiante topo com uma turista de outro grupo, pálida com o susto que levou depois de um ataque de um quati à sua bolsa, repleta de chocolates.
Acelero um tantinho o passo – e me distancio do meu pessoal e do bando de animais.
Sinceramente, desconfio que não me afino com nenhum dos grupos. O primeiro que segue em ritmo ‘quase parando’ de tantas fotos e selfies que fazem. O segundo, por razões já expostas e sabidas. Não sou de intimidades com os animais, seja qual for a espécie.
A bem da verdade, só o deslumbramento das águas é capaz de atiçar a um urbanoide como eu estar ali, naquela exata manhã.
Um deslumbre plenamente recompensado quando você está na passarela sobre as águas do rio Iguaçu a dezena de metros dos saltos mais volumosos.
Inexplicável a sensação da pequenez do homem diante da força (e da beleza) da natureza. Só com o respingar das águas você fica encharcado.
Mas, estar ali é mesmo uma bênção.
Percebo a emoção das pessoas. Há os que cantam, os que riem, os que se abraçam, os que vão-e-voltam para sentir novamente o mesmo frenesi e, óbvio, os que tiram fotos e filmam com celulares e outras engenhocas.
Todos celebram.
Estão com a alma lavada e enxaguada, felizes.
*Amanhã continua…