E rolou o tal beijo gay no capítulo final da novela das oito que começa às nove e tanto.
Não houve choro, nem ranger dos dentes.
Até o pastor mandou avisar a distinta freguesia que a bitoca do Carneirinho no Carneirão (ou versa e vice) era mais do que esperada.
Vida que segue…
II.
Deveria ser esse o assunto do dia neste humilde Blog.
No entanto, uma reportagem no SPTV, no início da noite me empurrou para o túnel do tempo.
A matéria mostrou a alegria da meninada que entrou na Fuvest ao conferir a lista dos aprovados assim que os resultados foram divulgados.
Aquela algazarra bendita me fez lembrar longínqua manhã no mais antigo dos anos.
III.
O pai me acordou aos berros – aliás, como fazia quase todas as manhãs. Só que, desta feita, o vozeirão do Velho Aldo estava um tanto embargado por uma desconhecida emoção.
Ele estocava o ar com uma folha arrancada do jornal do dia; folha esta que trazia a boa nova: eu acabara de entrar na Universidade de São Paulo, no curso de Comunicação Social.
À distância, a mãe acompanhava a ruidosa comemoração do pai – justo ele, sempre tão calado – e também ela tinha o semblante radiante de felicidade.
IV.
Para ser bem sincero, nem ela, nem o pai sabiam ao certo o que era esse negócio de Comunicação Social.
Pouco importava.
Valia mesmo a sensação do dever cumprido, pois o filho caçula chegava a Universidade.
E como isso era importante naquele início dos anos 70.
V.
Fundamental para eles era a certeza de um futuro melhor que o deles, um futuro longe do chão da fábrica.
Havia outra razão, lembrou o pai:
“O Tchinim é a primeira pessoa das nossas famílias – os Martino e os Avezzani – a frequentar uma faculdade”.
VI.
Vou ser outra vez bem sincero, mas sincero mesmo…
Não tinha plena consciência do que tudo aquilo representava.
Era um poço de duvidas e receios.
Fiquei feliz, lógico.
Mas, não botei banca, nem me achei mais, nem menos.
Era um garoto suburbano, meio que sem noção; um tanto gaiato, outro tanto triste.
VII.
Para terminar, um adendo.
Na mesma a lista de aprovados para Escola de Comunicações e Artes da USP, além do nome deste amarfanhado escriba, havia um certo Walcyr Carrasco.
Imagino que vocês saibam quem seja…