Não sei se reparam, mas o final da crônica de ontem ficou em aberto. Percebam:
“Ela não deixou que terminasse a frase. Deu um beijo mais demorado em seu rosto. As mãos se entrelaçaram. Um sorriso, um sussurro.
— Eu também, bobo.
Ele acompanhou com os olhos o desaparecer do veículo na escuridão da sexta-feira, dia 5, do mais antigo dos anos. No tempo em que o amor transformava o mundo num tal de Planeta Sonho.”
Estaria a moça dentro daquele coletivo que se foi? Ou o casal permaneceu, ali, estático, de mãos entrelaçadas?
A princípio, parece que a moça se foi. Tudo leva a crer que sim. Então, o primeiro impulso foi terminar o texto assim, com apenas uma constatação.
“Simples. Complicado foi esperar até segunda-feira”.
Seria um final que seguiria o esquema dos blocos anteriores, marcados pelo frase:
Simples e complicado.
Só acrescentaria a espera angustiante do fim de semana. Quer dizer, não seria um final tão final assim. Pois, e aí o que aconteceria quando os dois se encontrassem na segunda?
II.
Na dúvida, preferi não fechar questão.
Pensei em outro final. Mais prático e, ao que consta, de acordo com a pegada atual.
A saber:
“Ele acompanhou com os olhos o desaparecer do veículo na escuridão da sexta-feira, dia 5, do mais antigo dos anos. No tempo em que o amor transformava o mundo num tal de Planeta Sonho.
Porém, o ônibus seguiu sem Fernanda. Ainda de mãos dadas com Bruno, foi direta ao assunto.
— Então, Bru, na minha casa ou na sua?"
III.
Achei pouco condizente com o romantismo da história toda, mas algo procedente. Mesmo assim, preferi buscar outra solução. Vamos ver, como ficou:
“Ela não deixou que terminasse a frase. Deu um beijo mais demorado em seu rosto. As mãos se entrelaçaram. Um sorriso, um sussurro.
— Eu também, bobo.
Ele acompanhou com os olhos o desaparecer do veículo na escuridão da sexta-feira, dia 5, do mais antigo dos anos. No tempo em que o amor transformava o mundo num tal de Planeta Sonho.
Simples. Complicado foi esperar a segunda-feira.
Que tardou mais chegou. Quando Bruno aportou na empresa, Fernanda já o esperava. Sorrindo, e com uma proposta.
— Oiê. Tenho uma boa notícia pra você.
Ele todo sem jeito, mas apaixonado, balbuciou:
— Ah é… é…
— Então. Contei tudo para o Jorge. Que eu e você nos amamos e vamos ficar juntos. Eu e você. Gostou?
Bruno passara um fim de semana agradável na casa da sogra. Via agora o coração acelerar. Mas, por outro motivo: o tal Planeta Sonho acabava de virar um pesadelo. E se Jorge fosse ciumento? Porque Cininha, a oficial, era – e muito!!!”
IV.
Um tanto cínico. Difícil, mas não de todo impossível.
O outro final que pensei foi o óbvio – e mais próximo do real. Nem vale maior descrição. Bruno e Fernanda continuariam flertando no serviço, como se não existissem os respectivos. Aumentariam o envolvimento e a falação entre os pares. E naturalmente passaram a se entender como um casal, digamos, alternativo.
Ela começou a vir mais cedo para almoçar com ele. Bruno, por sua vez, esticava o serviço para dar carona à Fernanda, que virou Nanda. E a vida e o tempo foram tratando de ajeitar as coisas – ou de deixar tudo como estava.
Porque, afinal, ninguém é perfeito…
V.
E você?
Tem alguma sugestão de final para nossa história de ontem…