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Garota do tempo

– Vem comigo…

– Pra onde?

– Pra todo o sempre.

– É muito longe, seu bobo.

– Bobo? Quem? Eu?

– Claro. Quem mais poderia ser?

– Vem?

– Não sei…

– Deixa de charme. Você sempre soube que eu…

– Soube que é gostoso a gente junto. Mas, ó, nunca pensei…

– Não acredito. As evidências eram tantas que…

– Sempre foi bom do jeito que foi – é.

– Então…

– Por isso mesmo. Pode estragar tudo.

– Muda nada.

– Muda tudo, acredite.

– Muda não.

– Você é chuva, eu sou garoa.

– Virou garota do tempo agora? Acredita em mim.

– Por que acreditaria? Já me enganei em outras previsões. E doeu, nossa, como doeu…

– Tem medo de arriscar?

– É. Talvez. Nada é para sempre, aprendi.

– Vem comigo. Quero lhe mostrar que é possível. Que somos possíveis…

– Deixa assim. Sem chuvas e trovoadas. Assim tá bom, não tá?

– Eu quero tudo com você. O hoje e o amanhã.

– Hummm. Vou pensar, posso?

– Pode. Mas, aviso: estamos perdendo tempo.

– Estamos não, bobo, te dou o agora. Que nada, nada… é tudo o que tenho.

 

 

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