Foto: Lucas Figueiredo
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Alguns poucos amigos vieram ontem em casa ‘bebemorar’ o meu aniversário, que foi na terça dia 4, comer uns nacos de pizza e colocar a conversa em dia.
Sempre bom estar juntos com as pessoas que pensam, mais ou menos, como você, que tiveram jornadas parecidas com a sua e que, por essas e por aquelas, se deram ao trabalho de bandear-se para a fria São Bernardo, em uma noite de chuva fina, só para ver o amigo.
Tocante a lembrança.
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Óbvio que a conversa não se limitou aos tempos da velha redação de piso assoalhado ou aos corredores kafkanianos e salas de aula da Universidade, onde trabalhamos, uns cá e outros lá, por longos anos.
Falou-se de política, do Brasil de ontem e de hoje – o futuro, ninguém se arriscou projetá-lo, talvez por ceticismo -, e, claro, do decacampeão, o meu Palmeiras.
(Aliás, os presentes foram todos na linha da “torcida que canta e grita”. Agradeço e pontos para minha coleção de camisas e badulaques do Verdão.)
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Inevitavelmente, aconteceu o que eu mais temia. Lá pelas tantas, um provocador (que me recuso a divulgar o nome, pois já sabia o que eu penso sobre o tema e não gostaria de externar em público, num momento de descontração e leveza) fez a malévola pergunta:
O que aconteceu no Allianz Parque quando o Intruso apareceu em campo para entregar a taça de campeão aos jogadores do Palmeiras e, por lá ficou, durante a comemoração, todo pimpão e faceiro?
Outra questão:
O que eu achei da manifestação da torcida. Uma minoria significativa vaiando e outros tantos e muitos aplaudindo e vociferando palavrões e xingamentos ao ex-presidente Lula?
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Minha resposta, a princípio, foi evasiva.
Lamentei profundamente – como fiz no Blog com antecipação, na crônica Na Quebrada Verde – a presença do dito-cujo em cena aberta. Lamentei muito mais quem cometeu o equívoco de convidá-lo para ir ao estádio – o presidente do Palmeiras (leia Por Um Palmeiras Para Todos) – e os dirigentes da CBF que o distinguiram com a entrega da taça.
Simples assim.
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No mais, lembrei aos meus pares a conhecida história do vice-presidente Pedro Aleixo que se indispôs com o presidente Costa e Silva, em dezembro de 1968, por ocasião da assinatura do AI-5.
Dia 13.
E lá se vão 50 anos…
Diante das justificáveis restrições à medida que Aleixo elencou, os asseclas do general-presidente logo se exaltaram e partiram em defesa do ditador:
– Sr. Aleixo, o senhor não confia no presidente?
Consta que a resposta de Pedro Aleixo não deixou qualquer dúvida:
– Eu não confio é no inspetor do quarteirão.
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Pois então, meus caros – disse aos chegados na noite de ontem e, hoje, aqui repito:
Governantes entram e saem. A gente muda com o voto, com a participação cidadã. Democracia é assim. O que me preocupa, em relação ao nosso futuro como nação contemporânea e justa, é a reação dessa turba de sem-noção que hoje o aplaude freneticamente apenas por frustração, preconceito e/ou ódio.
O que você acha?