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O apagão e a esperança

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O ‘apagão’ na cidade fez com que desistíssemos da reunião e fossemos para o pátio da Universidade descrentes que a energia voltasse tão cedo.

Três ou quatro tentativas de religamento resultaram em luzes piscando, estrondos e algum temor de que a coisa poderia não acabar bem.

Seguiu-se um leve cheiro de queimado e, com ele, a certeza de que o melhor a fazer era descer e ficar ao ar livre nesta tarde de quarta, em São Bernardo do Campo.

Do tema da reunião, logo migramos para assuntos outros que, digamos, nos faziam mais próximos.

Sei que, nessas horas, o tempo de estrada e os ralos cabelos brancos, não raras vezes, me dão a equivocada condição de oráculo da turma invariavelmente mais jovem que eu.

Ô sina…

II.

Não demora – e o garotão mais curioso quer saber se é difícil escrever todos os dias. Achar um tema para o Blog, para uma crônica…

Se isso é um dom ou uma técnica.

Faço isso tem um tempo já, trinta e tantos anos, sei lá… Primeiro no jornal impresso, depois em nosso humilde Blog.  Mas acho que vou decepcionar o simpático interlocutor: não tenho qualquer resposta objetiva para a questão.

Sou desorganizado e disperso por natureza.

III.

Na busca de uma explicação – para não parecer que estou de má vontade -, digo que, nos tempos do jornal na velha redação de piso assoalhado, o noticiário dava a régua e o compasso para esboçar a coluna. Quase sempre das manchetes vinham as observações e a análise para que o leitor tentasse entender outros aspectos da notícia que, não necessariamente, compunham a cobertura jornalística.

Já o Blog é mais um diário de bordo. Ao menos, entendo assim. Via de regra, o meu cotidiano teclar (se bem que ultimamente tenho folgado ou no sábado ou no domingo ou nos dois) é um singelo convite para que o pimpão e a pimpona aí do outro lado da tela venham comigo nessa intrigante viagem chamada vida.

Honrado pela companhia. Grazie per tutti!

IV.

Por vezes, os fatos da hora se impõem. Mas, reparem, quem mais tem ocupado espaço, nos meus desconexos relatos, é a convivência com amigos e pessoas queridas que cruzam o meu caminho. São essas figuras que, involuntariamente, me trazem o alento necessário para o texto e para preservar a esperança no ofício de escrever.

Penso que é assim que acontece. À flor da pele.

*(foto: arquivo pessoal)

 

 

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