Um Flávio Prado emocionado entrevistou – e foi ao ar ontem à noite – os integrantes da linha atacante mais famosa da história do futebol. Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe falaram por hora e meia à TV Gazeta sobre os anos dourados do Santos Futebol Clube.
Não havia marketing, não havia empresários-tutores, não havia a TV soberana. A grana dos clubes vinha das arrecadações dos jogos. Por isso, o Santos de Pelé & Cia viajava mundo afora atrás do dim-dim nosso de cada dia.
Aonde o time da Vila chegava era uma festa. Do que nós, os antigos, chamamos de futebol arte e de gols. Entre as tantas e tantas história que relembraram, uma que Pepe contou mostra bem o quanto esses senhores eram fantásticos. Em uma partida contra o bicho-papão da Argentina, o Raccing, o Santos fez 3 a 0 logo aos 20 minutos. Os gringos se tomaram em brios e chegaram ao empate ainda no primeiro tempo. Adivinhem o placar final do jogo?
Impiedosos 8 a 3 para o Santos.
— Podiam ficar quietinhos com 3 a 0. Mas eles quiseram ir para o jogo. Aborreceram a gente. Tomaram de oito – disse um bem-humorado Coutinho que, lembrou, começou a jogar nos profissionais do Santos aos 15 anos.
À essa época, eu era ainda mais garoto. E, mesmo palmeirense, não perdia uma só partida do Santos quando jogava em São Paulo. Quem tinha menos de 12 anos entrava de graça no Pacaembu. Bastava arranjar um adulto responsável. O que fazíamos rapidinho – eu e minha turma – assim que chegávamos à Praça Charles Muller. Era um bando de garotos a cercar os marmanjos e pedir:
— Moço, posso entrar com o senhor?
E lá íamos nós…
O mais impressionante dos jogos era quando se defrontavam Santos e Botafogo pelo Rio-São Paulo, um torneio charmoso que só. O ataque do time da Estrela Solitária era poderoso: Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo.
Era uma delícia. Diversão e encantamento.
Diferentemente de quando jogavam o meu Palmeiras e o Santos.
Aí, assistíamos à partida, em oração, com o coração na mão, para que Pelé e os seus não se zangassem…