Foto: José Cruz/Agência Brasil
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Tenho um carinho todo especial pelo Uruguai.
Visitei o pequeno país algumas vezes – e me encantaran, sempre, a educação e a gentileza com que lá me receberam. Adorei o jeito sério, objetivo – mas, cordialmente generoso – dos irmãos uruguaios para tocar a vida e preservar a própria história.
Certa vez, em Congresso Estudantil que lá participei, um professor amigo decretou solenemente, e para minha surpresa: toda a simpatia que nutro pelo país vizinho tem a ver com o fato de que a cidade de Montevidéu lembra, em muitos pontos, o nosso (meu e dele) querido bairro do Cambuci nos idos dos anos 50 e 60. Citou as ruas do distrito de Punta Carreto, toda aquela área central e mesmo os arredores da Baía de Montevidéu, com suas casas humildes de muros baixos com jardinzinho à frente e o tom sépia da iluminação das ruas ao entardecer.
Sinceramente, não havia feito tal associação.
Mas, pensando bem e forçando um pouquinho a barra, faz sentido.
Algo ali me é agradavelmente familiar.
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Gosto de lembrar a Capital do país, é certo.
No entanto, importante que eu realce que também me senti muito à vontade em cidades como Punta Del Leste, Colônia do Sacramento e pequenina Piriápolis que, de resto, achei acolhedora, cativante e com um raro pôr do sol. Encantadora.
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É difícil falar essas coisas que vou falar.
Mas, desconfio que lá viveria tranquilamente até em função deste cálido momento da minha vida.
Talvez aqui eu exagere, não sei…
Deixei de levar em consideração o inverno rigoroso – e depois tem a distância.
O Uruguai me parece um tanto longe de tudo, enfim…
Deixemos de platitudes e devaneios.
Vamos dar de barato, então, que tenho uma admiração enorme, um grande respeito por aquele pequeno país e sua gente.
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Admiração que obviamente se estende ao ex-presidente José “Pepe” Mujica que, ontem, aos 85 anos, renunciou à cadeira no Senado por força desta trágica pandemia e, assim e algo relutante, anunciou sua aposentadoria dos cargos públicos, “mas não da política”.
Disse Mujica em carta ao povo uruguaio, lida em sessão extraordinária do Senado:
“Esta situação me obriga, com muito pesar, por minha profunda vocação política, a solicitar que se tramite minha renúncia à cadeira que os cidadãos me concederam.”
“Isto não significa o abandono da política, mas sim o abandono da primeira fila, por entender que um dirigente é aquele que dá vantagem às pessoas que o superam. Vou agradecido, com muitas recordações e profunda nostalgia. A pandemia me derrubou”.
“A política me encanta e não queria ir embora, mas a vida me encanta mais. E, como estou para sair, trato de esticar os minutos que restam”.
Pepe Mujica sofre de uma doença autoimune, o que o forçou à decisão.
Ele ocupou a presidência do país de 2010 a 2015 – e é uma referência como homem público da América Latina.
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Mais uma razão para enaltecer o país-irmão.
Confiram seu depoimento no documentário Human:
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Leiam também:
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Para os assinantes da NetFlix, há um belo documentário sobre o nosso personagem de hoje:
El Pepe, uma vida suprema
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