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O conto e a Comunicação

– Que desejais de um pescador, alma penada?

– Não sou alma penada! Sou a Mãe –d’Água! Nunca uma pessoa me perguntou alguma coisa e sempre eu dei, e jamais me ofereceram auxílio. Tens coragem, pescador?

(…)

– Quer casar comigo?

O rapaz nem titubeou:

– Quero muito!

A Mãe d’Água deu uma risada, e continuou:

– Então vamos casar. Na noite de quinta para sexta-feira, na outra lua, venha me buscar. Traga roupa para mim. Só roupa branca, azul e verde. Veja que não tenha alfinete, agulha ou c ousa alguma que seja de ferro. Só tenho uma condição a lhe fazer. Nunca arrenegue de mim, nem dos entes que vivem no mar. Promete?

O rapaz, que estava enamorado por demais, prometeu tudo e deixou a Mãe d’Água que desapareceu nas ondas e cantou até sumir.

*Trecho do conto “O Marido da Mãe d’Água”, de Luis Câmara Cascudo, fundador da Sociedade Brasileira do Folclore, publicado na Antologia Portuguesa, organizada por Nestor Delvaux. No dia que se reverencia a Comunicação, achei oportuno revisitar, ainda que em breves leituras, o meu primeiro contato, ainda no tempo do ensino fundamental, com o gênero literário que (ao lado da crônica), mesmo de forma indireta, moldou minha trajetória profissional e de vida.

Comunicação é persuasão – e um direito inalienável de todos os homens. Quando lhes tiram esse direito, também lhe roubam o direito à cidadania. Quando não, à própria existência.

Reparem: toda vez que a Comunicação falseia, o País bambeia e a democracia corre um sério risco.

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