Foto: Oportuno lambe-lambe na avenida Paulista/Roberto Parizotto
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Serei sincero como tento ser, desde sempre, com os caríssimos leitores.
Desacreditei quando vi a figura do suposto ‘padre’ na cena do tal debate presidencial.
Desisti.
‘Assim não dá!’ – disse cá comigo.
Pensei em achar outra coisa mais saudável para fazer.
Até porque, vamos combinar, qual a nova?
O Lula não vai deixar de ser o Lula.
O Bolsonaro será sempre o Bolsonaro.
O Ciro, com sinais de desgaste, consciente de que não o veem como o bambambã que imagina ser.
As Sras. Simone e Soraya, francas atiradoras; de olho grande em 2026.
O candidato do Partido Novo sem chance – não bate 1 por cento das intenções de votos – a repetir o discurso das classes dominantes e alinhado com o bolsonarismo.
E ainda tem o tal fantasiado de padre?
Descaradamente no apoio a Bolsonaro, veio para causar.
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Mesmo assim, por questões de fórum pessoal e – vá lá – por força do ofício de escrevinhador, achei-me na obrigação de enfrentar, com paciência e boa-vontade, o embate entre os tidos e havidos postulantes ao principal cargo da Nação.
(No meu tempo de Grupo Escolar, ensinavam a gente a grafar a palavra ‘nação’ com o “N” em letra maiúscula sempre quando nos referíamos ao Brasil. Não sei se a regra vale ainda hoje. Mas fica a lembrança.)
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De antemão, ressaLto que já tenho definido os nomes em quem votarei – de deputado estadual a presidente – no próximo domingo.
E, convenhamos, chance zero de alterar minha convicção.
Entendo, porém, ser do jogo democrático e cidadão correr o risco e prestigiar tal iniciativa. Apesar de ter muitos reparos a fazer.
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Tentarei explicar o que penso nos parágrafos seguintes.
Mas, entenderei perfeitamente se o leitor já estiver farto de tantas e tamanhas perorações sobre o tema – e estancar a leitura por aqui,
Sigamos, pois, quem quiser e puder.
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Seguinte:
Em toda e qualquer democracia que se preze, a discussão de ideias e projetos é fundamental.
No entanto, creio, seja necessário repensar o formato de tal programa de debate, especialmente quando este ocorre na reta final de campanha.
Tal fórmula tende mais a confundir do que a esclarecer a opinião pública.
O incauto eleitor fica à mercê de notórios oportunistas de plantão.
Nossa história recente está repleta deles – e nem vale a pena citá-los aqui.
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O primeiro passo é rever a tal legislação eleitoral que, de forma sacanamente leniente, abre espaço a quem efetivamente não tem qualquer chance de vitória nas urnas.
Esses partem para o tudo ou nada, ocupando o almejado lugar de fala para fins outros, difusos, suspeitos – e nem sempre perceptíveis ao espectador/eleitor. Que, desta forma, se vê ludibriado em seus propósitos de melhor se informar para o pleito.
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Isto posto, e de maneira geral, penso que, como mostram as pesquisas de intenção de votos feitas até aqui por institutos sérios, por volta de 85 por cento dos eleitores, como este que vos escreve, já têm definido em quem votará.
Não se iludam.
Não será a saraivada de ataques aos lideres das tais pesquisas que os farão retroceder e mudar de postura.
Quantos aos indecisos – em torno de 15 por cento, portanto – vejo da seguinte forma: nessa altura do campeonato, podem estar em dúvida no tocante à escolha dos deputados estaduais e federais e mesmo senador, mas para os cargos majoritários (presidente e governador) já têm, no mínimo, uma tenência do que farão diante da urna eletrônica. Não será o discurso empolado e/ou enrolado de um candidato nanico que o fará mudar de opinião.
(Isso vale inclusive para quem desistiu de votar. Por não acreditar em ninguém.)
Acrescento que, numa eleição tão radicalizada quanto esta (autoritarismo versos democracia), com a sombra de um eventual outro golpe a toldar nossos outrora lindos horizontes, dá para entender quem prefira posar de ‘isentão’ e não declarar abertamente o voto.
Não justifico, mas entendo.
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Por fim e enfim, se é que o paciencioso leitor ainda está por aqui, este veterano jornalista – que acompanhou outras tantas campanhas eleitorais – não acredita em qualquer arrancada em prol do voto útil ou não a partir da insólita – e por vezes deprimente – refrega de ontem nos estúdios da Globo.
Só gostaria de deixar claro que, desde a redemocratização, e mais recentemente desde o Golpe de 2016, nunca o velhote aqui temeu tanto pela preservação do Estado de Direito em nosso país quanto hoje teme.
Há questão me inquieta e compartilho com os amigos leitores:
“Será que, como brasileiros, estaremos à altura deste momento histórico?”
E outra:
Qual Brasil queremos legar para as próximas gerações?
É o que está em jogo…
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Uma canção para desanuviar – e refletir:
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Clarice
1, outubro, 2022Suas observações, minhas observações. Suas inquietações, minhas inquietações. Já não sei mais amigo…as coisas que vejo, as que ouço …
A propósito, linda música pra inspirar.