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Domingão sem o Faustão

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Foto: Reprodução/TV Globo

Faustão deixa a Globo.

E a Globo deixa o Faustão.

As partes se entenderam.

Fecharam lá o que se conhece como ‘comum acordo’.

Eis o que diz, em resumo, o comunicado que ontem foi divulgado à Imprensa.

Quem diria?

Thiago Leifert assume o comando das tardes de domingo. Até que, com o beneplácito da alta cúpula da empresa da Família Marinho, Luciano Huck, já despojado dos súbitos aplumes presidenciais, tome para si o que restar do grandiloquente Domingão do Faustão.

Vida que segue…

30 e tantos no ar.

Todos os domingos viraram domingões a invadir a geleia geral dos lares brazucas.

Não é pouca coisa, não.

Há que se reconhecer.

Na boa, desconfio desses acordos entre patrão e empregado. Mesmo que seja um super-super como o Fausto Silva.

Há um inevitável desconforto entre as partes.

Imagino que Faustão pretendesse levar o programa até o fim deste ano como havia planejado – e fazer uma despedida em grande estilo, como era de se esperar.

Penso até que ele merecia.

Repito:

30 e tantos no ar.

Mas , porém, contudo, todavia…

La vie nem sempre é rose.

Entendo o, digamos, descontentamento nos gabinetes dos mandachuvas globais quando souberam que o Pimpão que acalentaram por três décadas, com belíssimos rendimentos mensais, já acertara aportar na Band em 2022. Vai levar com ele, certamente, uma parcela significativa da carteira de anunciantes.

Money, money, money…

É aí que a roda das boas relações sempre trava.

Amigos, amigos… Negócios à parte.

O jornalista Mino Carta tem um pensamento emblemático que, aliás, permeia o entrecho do ótimo livro Brasil de sua autoria, tantas vezes por mim aqui citado.

Tentarei reproduzi-lo com as minhas palavras:

‘Jornalista adora chamar o dono do jornal de colega. Imagina fazer parte do núcleo mais íntimo de amigos do tal.

Jornalista é jornalista. Dono de jornal é dono de jornal.

Têm naturezas distintas.’

Amplio à minha maneira:

Vale para as empresas jornalísticas, vale para qualquer empresa.

Imagino – cronista vive de imaginar coisas – o tamanho da traulitada que ressoou no Jardim Botânico quando vazou a notícia de qual seria o novo rumo do apresentador.

Numa corporação do porte da Toda Poderosa, esse tipo de ‘crime’ não fica sem castigo.

É do jogo…

No primeiro vacilo, truco!!!

Percebam o contexto – e o dilema:

Se Faustão permanece no comando do programa haverá todo um clima de oba-oba, rufar de tambores, pompas e circunstâncias em torno da decantada despedida. O que potencializaria sobremaneira a estreia do apresentador na concorrência em 2022.

Não é exagero especular que um maior número de anunciantes (que o tem como parceiro) ficaria instado a acompanhá-lo no novo projeto.

Nesse contexto, a Globo começaria do zero a experiência Huck nas tardes de domingo.

A propósito do ex-futuro candidato a presidente…

Que fique esperto!

É igualmente do rala-e-rola da Globo a possibilidade de Huck sambar no meio do processo.

Basta Leifert dar conta do recado, alavancar fortemente a audiência e garantir bons contratos para a atração.

Diria que assim é que é…

Da vida e…

Do sistema.

A bem da verdade, escrevo sobre o tema de enxerido que sou.

Não sou especialista neste ou em outro assunto qualquer.

Raramente vejo a tal TV aberta e, mesmo nos canais por assinatura, o que me apraz é o futebolzinho marrento de sempre.

Além do que faz uns bons pares de ano que não vejo o Faustão em cena.

Adianto que também não me enquadro na lista de seus futuros espectadores quando estiver na Band.

Reconheço, no entanto, que o Domingão do Faustão é um capítulo relevante da História da TV Brasileira – e até mesmo do imaginário cultural da nossa gente.

Ô loco meu…

Esse negócio de me sentir testemunha ocular da História mexe comigo.

Me deixa um tanto mais nostálgico.

Vou lhes confessar que há madrugadas em que ainda me sinto órfão do Programa do Jô.

Verdade.

Acreditam?

Coisas que não se explicam, mas são caras a quem, como eu, cultiva doces reminiscências.

 

 

 

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