Um episódio me chamou a atenção há coisa de ano ou ano e meio atrás:
Um incauto rapaz de nacionalidade escocesa, desavisado de como a banda toca por aqui, resolveu assistir a um jogo do Corinthians (um jogo qualquer, não lembro) e foi todo estiloso para numerada do Pacaembu, ostentando uma camisa do seu time do coração, o Celtic Rangers. Que é verde.
Quase foi linchado pelos torcedores nativos. Ouviu toda espécie de xingamentos e desaforos, alem de ser ‘caçado’ pela turba que queria lhe dar uns petelecos e mostrar “que aqui é Timão, meu”.
Foi salvo pela ação de alguns iluminados torcedores, mais conscienciosos, até chegada dos policiais.
Só quando lhe arranjaram outra camisa (de outra cor, naturalmente) pode ver a partida em paz; mesmo assim, longe dali.
Detalhe 1: o jogo não era contra o Palmeiras e o uniforme do time adversário não ostentava sequer um fio verde.
Detalhe 2: o fato se deu nas ‘numeradas’, longe portanto dos urras e das garras das malfadadas ‘uniformizadas’, entre a turma mais classuda, digamos assim.
Resumo da Ópera: as discussões desta semana – de se adotar torcida única no clássico de amanhã – deveria, sim, merecer um debate mais equilibrado e menos passional. Ao menos, por enquanto, quando não só o futebol, mas todo o País atravessa um período – perigosíssimo – de radicalismo e intolerância.
Estamos à beira do descontrole generalizado.
Mais do que clubística, esta é uma questão social.