Alertado por artigo de Rui Castro na Folha de S. Paulo, o blog humildemente tenta reparar o imperdoável esquecimento e fala hoje do centenário de um dos grandes cantores brasileiros: o saudoso Ciro Monteiro completaria 100 anos no dia 28 de maio.
Ele parecia o meu avô Carlito, nas feições e na simpatia. Por isso, minha identificação com ele foi imediata, assim que o vi pela primeira vez na TV.
Isso foi em meados dos anos 60.
Ciro participava do programa Bossaudade, na TV Record, comandado pela divina Elizeth Cardoso,
Curioso que, à essa época, eu tinha pretensões a guitarrista e roqueiro – coisas de um adolescente sonhador.
Mesmo assim, não perdia um daqueles programas dedicados à turma das antigas. Especialmente para vê-lo cantar, com seu fio de voz e maneirismo, a tamborilar uma caixa de fósforos.
Dizem os especialistas que Ciro foi uma das grandes influências do baiano João Gilberto.
II.
Os sambas e a malemolência da voz de Ciro, eu já os conhecia do programa Moraes Sarmento que a Rádio Bandeirantes transmitia todas as noites. Em plena Era dos Festivais, das canções de protesto e da onda do iêiêiê, o programa fazia uma reverência ao nosso cancioneiro mais tradicional que encantou o País na Época de Ouro do Rádio.
Minhas preferidas eram: “Se Acaso Você Chegasse” ( de Lupicínio Rodrigues/Felisberto Martins), “Beija-me” (Roberto Martins/Márcio Rossi), “Oh! Seu Oscar” (Ataulpho Alves/Wílson Batista; a preferida dos batuqueiros da Muniz de Souza, onde eu morava) e “Escurinho” (Geraldo Pereira).
Quer dizer…
No fundo, no fundo, sempre fui um roqueiro sem grande convicção. Curtia Beatles, Roberto, Erasmo, mas era vidrado mesmo no suingue de caras como Ciro Monteiro, o eterno Formigão.
III.
Ciro Monteiro morreu em 1976, aos 60 anos. Não sem antes cravar outro clássico da MPB: foi o intérprete da gravação original de “Tive, Sim”, do venerando Cartola.