Participo amanhã pela manhã de um ‘papo’ com alunos de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo sobre as recentes transformações dos veículos impressos e o provável – e tão anunciado por alguns – desaparecimento da tradicional mídia.
Separei as opiniões de três renomados jornalistas para embasar minhas colocações.
Meus apontamentos:
Carlos Heitor Cony: “O futuro do jornal impresso é um dos temas que mais preocupam os entendidos em comunicação – e não me incluo entre eles. Preço do papel, distribuição, custo de impressão, defasagem entre o fato e a notícia, concorrência com as novas mídias são muitos os elementos que concorrem para a geleia geral que indica, entre outras coisas, o fim do que se podia chamar de a era do papel cheio dos tipos móveis criados por Gutemberg. (…) Não há uma solução técnica para cobrir a lerdeza com que os jornais noticiam a eleição de um papa ou o placar do clássico da véspera. (…) Há espaço bastante para a nálise dos fatos, os comentários, as versões diferenciadas etc. Mas até mesmo nesse departamento os meios eletrônicos estão tornando o jornal dispensável. (…) A redundância editorial é um dos seus males”.
(Folha de S.Paulo, Haja Saco!/ 24 de abril de 2012)
II.
Soledad Gallego-Diaz, durante a conferência augural do curso de jornalismo de El País: “De puro medo à morte dos jornais, nós, jornalistas, terminaremos dando um tiro no jornalismo. A pior maneira de suicidar-se é limitar-se a difundir versões diferentes. Jornalismo é indagar e buscar a verdade. (…) Uma maneira de suicidar-se é acreditar que o jornalismo é nosso, de uma determinada geração de jornalistas, que nos convertemos em seus guardiões, nos guardiões de suas essências e que somos os únicos com direito ou autoridade para exercer seu controle. Essa é uma ideia bastante letal e funesta, porque leva a não aceitar as mudanças (…) e sobretudo porque impede (…) um debate aberto entre jornalistas de todas as gerações e de todos os diferentes meios, que nos permita recuperar a influência como profissionais”.
(Folha de S. Paulo, coluna do jornalista Clóvis Rossi: Acabou o papel, não o jornalismo/12 de março de 2012)
III.
John S. Driscoll, editor-residente do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusets: “Os internet e os computadores não substituirão, por enquanto, os jornais impressos. Mas, as fronteiras entre a mídia eletrônica e aquela feita com papel e tinta estão se tornando cada vez menos rígidas, com equipamentos interativos que permitem a obtenção, pelo assinante e em sua casa, de jornais personalizados, capazes de priorizar assuntos de seu interesse pessoal. (…) Não acredito que isso (o fim dos jornais impressos) possa ocorrer durante a atual geração. (…) Haverá jornais impressos nos próximos 20 anos, mas qualquer prognóstico posterior será pura adivinhação”.
(Pronunciamento feito durante a assembleia bianual da Associação Nacional dos Jornais/ 19 de agosto de 199. Folha de S.Paulo – João Natali)