Como salvar os jornais (e o jornalismo)
Este é o título de um longo artigo que o jornalista Walter Isaacson assina hoje em duas páginas de O Estado de S. Paulo. Isaacson foi editor da revista Time e atualmente preside o Instituto Aspen. O artigo fundamenta-se em palestra que o autor realizou na Universidade de Riverside Califórnia.
Feitas apresentações e registrados os créditos, vamos ao que verdadeiramente interessa. É notório que os jornais (e o jornalismo) vivem momento de transição em que um fusuê de contrastes tolda quaisquer prognósticos de futuro. Apesar de que é intermitente (e um tanto leviano) o comentário de que os jornais impressos estão em extinção.
Um exemplo desses contrastes fica evidente pelo significativo aumento do faturamento em publicidade dos chamados jornalões brasileiros – especialmente em São Paulo. Outro contraponto é o declínio da publicidade eletrônica (que sustenta os portais) no segundo trimestre de 2008, como afiança o próprio Isaacson.
O jornalista descreve esse cenário, com conhecimento de causa e aponta a distribuição gratuita como uma das fortes tendências de sobrevida dos impressos. Mas, não avaliza tal solução por entender que quebraria a base de três pilares que sempre sustentou esse tipo de imprensa – a venda em banca, a assinatura e a publicidade.
Neste novo formato (não tão novo assim para nós paulistanos que vimos florescer nos anos 70, 80 e 90 os chamados jornais de bairro), Isaacson e outros tantos jornalistas veem o risco de comprometimento do conteúdo jornalístico, refém dos interesses da publicidade e da curiosidade mais imediata do grande público. Ele até comenta o fim dos Suplementos Literários em detrimento de cadernos de jardinagem e decoração, com mais chance de arrecadação em anúncios.
Lá pelas tantas do artigo, Isaacson sugere o micropagamento – em formas diversas – para quem quiser acessar algum conteúdo jornalístico na internet. Uma vez que a fusão com o on line é mesmo inevitável. Cita casos bem-sucedidos como o do Wall Street Journal que cobra uma assinatura mensal para os leitores da sua versão eletrônica. E assinala:
“Os jornais têm hoje mais leitores do que nunca”
E aqui pontuo minha dúvida:
Leitores e internautas são a mesma coisa?
Têm os mesmos interesses, os mesmos anseios?
Trafegam pelo caminho da informação ou do entretenimento?
Blog é uma mídia pública ou pessoal?
You Tube é jornalismo?