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O gosto de quero mais…

Eram dois – e imaginavam-se um.

Viviam aquele exato momento em que se dá e faz o amor.

Sabem qual, né?

O brilho no olho. A vontade de não largar-se.

O gosto de quero mais e mais e mais.

Quem os via logo entendia a situação – e, via de regra, os invejava.

Outros preferiam nem acreditar.

Até porque o moço quase senhor ostentava grossa aliança doirada na mão esquerda.

E ela – puxa vida! Ninguém nunca prestara atenção nos encantos da secretária da
diretoria, sempre envolta em afazeres, agendas e memorandos.

Lidinha, uma corruptela de Ludmila, assim a chamavam. Até com certo distanciamento.

Até que chegou o novo diretor, não tão novo assim, como disse acima, de nome cerimonioso, Luiz Alfonso. Mas, de finíssima estampa.

Dia vai, noite vem, com alguns serões de entremeios.

E eis que o expediente se amplia para jantares e passeios, onde não só se limava a pauta da empresa como os dois encantaram-se.

Lidinha soltou os cabelos, ajeitou o guarda-roupa e deu uma arejada no visual.

Nem a armação dos óculos escapou…

Lidinha, desde logo, entendeu o enrosco em que entrara. Mas, o fazia de bom grado. Também se apaixonara. Nem por isso deixava de curtir suas dores de amor – especialmente nos fins-de-semana. Ou quando alguma crise familiar de
Alfonso o tirava por alguns dias da firma.

Aí, sim, ela sentia os olhares de repreensão e, sejamos sinceros, a inveja dos mal amados.

Nessas horas ela segurava o choro – e se impunha pela altivez.

Lembrava a frase que sempre ouvia nas horas aquelas.

Luiz Alfonso era sincero, algo cafa, mas sincero:

— Lidinha, te amo. Vamos viver a vida momento a momento, um passo de cada vez…

(*amanhã continua…)

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