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O historiador do cotidiano

* Uma palestra ao lado do jornalista Carlos Nascimento, no Centro Universitário Assunção, campus Vila Mariana.

* Dividir a mesa com feras do jornalismo brasileiro, como Zé Hamilton Ribeiro, Ricardo Kotscho, Geneton de Moraes e Luiz Carlos Azenha, no seminário sobre "Grandes Reportagens", que a Globo Universidade realizou em parceria com Universidade Metodista de São Paulo.

* Integrar a banca examinadora que escolheu o vencedor do I Concurso Jovens Talentos em Jornalismo – Semana ‘O Estado’, realização do Banco Real, O Estado de S. Paulo e apoio da Universidad de Navajas, ao lado de jornalistas como Francisco Ornelas (O Estado) e Christian Marra (Navajas).

Foram três eventos importantes, dos quais participei nas duas últimas semanas. Creio, pois, é chegada a hora de falar um pouco sobre o que aprendi nesses dias convivência com alguns nomes entre os melhores do jornalismo tupiniquim.

II.

A primeira lição é de que o Planeta passa por um momento de transição – e nós, jornalistas, somos artífices de peso nessas mudança. É básico: o mundo só existe para uma pessoa se ela se informar sobre. Uma pessoa só existe para esse mundão globalizado e desigual se estiver informada sobre o que acontece aqui, ali e acolá. Mais do que um jogo de palavras, é uma verdade absoluta que as novas tecnologias e os avanços científicos tendem a consolidar, para o bem ou para o mal. Ou quem estaria interessado naquela comunidade de sertanejos que vive isolada na Serra da Bocaina, entre os três principais estados brasileiros – São Paulo, Minas e Rio – que sequer acesso à rede elétrica possui? Em que mundo, em que tempo, eles vivem?

No embalo dessas mudanças, nossa profissão também está se transformando. Por alguns fatores, a saber:

01. a adoção dessas novas tecnologias aplicadas a informar cada vez mais instantânea e superficialmente;

02. as novas ‘especialidades’ de exercício do jornalismo. Hoje, o jornalista cabe no dia-a-dia dos portais, nas assessorias de imprensa, nas organizações, nas redações cada vez mais enxutas e até na produção do Big Brother;

03. a nova rotina das redações. O email, o telefone, o realese vêm pautando os noticiários bem mais que os repórteres que antes saíam às ruas à caça de notícias;

04. a profissão ganhou um glamour que não possuía, exageremos, até a década de 70. Em alguns momentos – ou em muitos momentos – dá prestígio aparecer como jornalista em alguns segmento sociais;

05. os interesses no PODER cada vez maior e abrangente da Mídia.

III.

Eis o desafio que nós, das escolas de jornalismo, enfrentamos ano a ano. Preparar a leva de estudantes – em torno de 10 a 12 mil em todo o País – para o exercício dessa complexa profissão que se renova a cada manhã, quando um novo jornal precisa estar nas ruas com as notícias de ontem. Ou seria as de hoje?

Esses meninos e meninas chegam cada vez mais cedo às universidades. Importante destacar também: não tem uma visão clara do que é a profissão. Muitos sonham em ser ‘a moça do tempo’ ou o cronista esportivo das noites de domingo. Outros preferem trabalhar numa ONG ambientalista. Alguns imaginam-se o bem-remunerado assessor de imprensa de uma multinacional ou traçam um plano de vôo na área da pesquisa comunicacional.

Há ainda uns ‘gatos pingados’ que sonham ser repórteres-repórteres, desses à moda antiga, que saem para rua sem uma pauta determinada a lhes engessar o passo, o texto, a alma…

(Amanhã a gente continua…)

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