Tu pessoa nefasta
Vê se afasta teu mal
Teu astral que se arrasta tão baixo
No chão
Tu, pessoa nefasta
Tens a aura de besta
Essa alma bissexta, essa cara de cão
Entendam como queiram a citação à canção de Gilberto Gil num tempo em que este Brasilzão de meu Deus sonhava com dias mais promissores.
Havia o sonho. A esperança.
Eram tempos de diretas-já.
(Gil gravou o disco “Raça Humana” em 1984.)
II.
Quero lhes falar hoje, ainda que rapidamente (coisa que não me tem sido usual ultimamente) sobre as coisas todas que estão acontecendo. O afastamento do deputado Eduardo Cunha, a farsa da votação do relatório do impeachment no Senado e a violência contra os estudantes secundaristas hoje perpetrada pelas chamadas forças da Lei.
Vamos por partes, como diria Jack, aquele, o esquartejador.
III.
É perfeitamente compreensível e justificável a sentença, forte e original, do Supremo Tribunal Federal que, por unanimidade, tirou o homem da cadeira da presidente da Casa e suspendeu o mandato de deputado federal.
Porém, e sempre existe porém, como bem dizia Plínio Marcos, essa intervenção do Judiciário no âmbito do Legislativo realça o perigoso descompasso institucional que vive hoje o Brasil.
Este precedente, embora amparado nas tais regras do jogo, dá ensejo a um precedente que põe em risco à estabilidade democrática.
Hoje, aplaudimos. Amanhã – ou nas próximas horas, do jeito que as coisas andam é assim – pode incorrer em justiçamento (que é diferente de Justiça) que pode abalar fortemente o equilíbrio das nossas frágeis instituições.
IV.
Democracia, meus caros, se faz com a harmonia entre os Poderes.
Nos dias que correm e basta acompanhar a sessão do Senado, que discute o processo de impeachment da presidente, para entender que é cada vez mais presente em nosso cotidiano a célebre frase atribuída ao então ditador Getúlio Vargas, mas que tem origens no fascismo de Mussolini:
“Para os amigos, tudo. Para os inimigos, apenas a Lei.”
V.
Ampla e total solidariedade aos estudantes secundaristas que hoje foram arrastados, de forma truculenta, para fora do Centro Paula Souza pela PM do governador Geraldo Alckmin, o santo.
Quanta sensibilidade, hein, governador para lidar com o futuro do Brasil!
Se há um rumo minimamente promissor para este Brasil, que um dia foi abençoado por Deus e ainda hoje é bonito por natureza, acreditem, meus caros…
Esse rumo passa por esses jovens que ousam lutar e sonhar por nós!