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O homem que calculava

“Cada ave com as asas estendidas é um livro de duas folhas abertas para o céu. Feio crime é roubar ou destruir essa miúda biblioteca de Deus”.

(…)

Falasse eu as línguas dos homens e dos anjos
E não tivesse caridade
Seria como o metal que soa,
Ou como o sino que tine,
Nada seria…
Nada seria…

Tivesse eu o dom da profecia
E toda a ciência;
De maneira tal que transportasse os montes
E não tivesse caridade,
Nada seria…
Nada seria…

Distribuisse todos os meus bens para o sustento dos pobres
E entregasse meu corpo para ser queimado
E não tivesse caridade,
Nada seria…
Nada seria…

(…)

O encanto daquela voz parecia envolver a Terra numa onda de indefinível alegria.

O dia se tornara mais claro.

“É Telassim quem canta” – explicou o xeique ao reparar na atenção com que ouvíamos embevecidos a estranha canção.

“E de quem são esses versos?” – indaguei.

Ele respondeu:

“Não sei. Uma escrava cristã ensinou a Telassim e ela nunca mais os esqueceu. Devem ser de algum poeta nazareno”.

(*) Notas do blogueiro:

– A frase de abertura é do “pai” dos cronistas nativos Humberto de Campos.

– Os versos são da primeira epístola de São Paulo Apóstolo aos Corintios.

– Ambos fazem parte de um dos contos do livro O Homem Que Calculava, do escritor brasileiro Malba Tahan.

Não é demais, creio, entendê-los e aplicá-los aos conturbados dias que vivemos.

Quando criança, o pai me presenteava com livros infantos-juvenis para que eu tomasse gosto pela leitura e pelos estudos. Para que eu fosse “alguém na vida”.

O Sr. Aldo, que não fora além do grupo escolar por força das circunstâncias, não queria que o filho seguisse a mesma desventura. Só não imaginou que, vida afora, essas obras lhe serviriam de oráculo e inspiração.

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