No jornal, o Alcebíades era figura querida.
Viera do interior, trabalhara um tempo com a gente.
Entre nós, como só e acontecer, ganhou o apelido de Bide.
Gostava de cantar. E era uma das alegrias das nossas festas e noitadas.
Tinha um vozeirão, no melhor estilo Nélson Gonçalves.
A vida do Bide, na verdade, não era o jornal.
Como disse, gostava de cantar.
Aliás, de tanto cantar, acabou por encantar uma moça dos arredores.
Apaixonou-se, juntou os trapinhos – e resolveu voltar, de braços dados com sua amada, para a pequena cidade de onde viera.
Leme, se não me engano.
Coisa de ano e tanto, Bide precisou vir para São Paulo – e foi nos visitar na velha redação de piso assoalhado e grandes janelões para a trepidante rua Bom Pastor.
Ficamos felizes ao rever o grande amigo – e ele também.
Fechamos a edição do jornal – Bide ainda deu uns pitacos, como nos velhos tempos – e fomos acabar a noite no boteco de costume, onde Bide deitou o vozeirão, madrugada a dentro, acompanhado pelo velho Itagiba (gráfico dos bons) ao pandeiro.
Na hora das despedidas, Bide fez o que reza a cartilha do politicamente correto.
— Minha humilde casa em Leme está de portas abertas para os amigos. Quando quiserem me visitar, será uma honra hospedá-los.
Dias depois, soubemos que Devito, um dos boys da Redação, pediu férias, repentinamente.
Ninguém teve a percepção de ligar lé com cré.
A ficha só foi nos cair quando recebemos um telefonema desesperado de Bide.
— Gente do céu! Alguém pode dizer quando termina a licença do Devito. Faz mais de mês que o marmanjo se instalou em minha casa. Come e dorme – e não dá sinais que vai embora tão cedo.
Bide, Devito e tantos outros. Até parece que a velha redação fora construída com açucar de atrair figuras, malucos-belezas…