Preciso, com urgência, reler O Idiota do escritor russo Fiodor Dostoiesvski.
Não sei exatamente o motivo.
Bateu um impulso.
Talvez ali, no entrecho da história, eu esclareça algumas das tantas dúvidas que ora me afligem – e, creio, sacodem a alma inquieta dos que teimam acreditar no amanhã.
Onde foi que perdemos o elo da fraternidade, da construção do sonho, do Brasil contemporâneo e justo?
…
Perguntei ao meu parça, o Poeta, se faz sentido essa minha suspeita – e ele desconversou.
Disse que há milênios leu o romance e a ideia que guarda não é a que sugere o título e os meus desalentados devaneios:
– O personagem não é o que você está pensando. Ao contrário. É um bom homem que tem um olhar diferenciado para o que a sociedade de então lhe impõe como convenção e verdade. Ele não é um pérfido. É, sim, uma espécie de Dom Quixote à moda da casa.
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Dostoievski terminou de escrever o livro em 1869 – pesquisei no Google.
150 anos…
E eu querendo buscar ali as lições para o aqui e o agora?
Confesso ao amigo Poeta e aos meus prezados cinco ou seis leitores o que me levou a tamanha confusão.
Como de hábito – e por explícita recomendação médica, ontem pela manhã fui dar minha ‘prazerosa’ caminhada pelos arredores, parei na padaria como de costume e, ali, observei a discussão entre dois amigos (se continuaram a amizade depois, não sei) diante da TV ligada e quase sem som.
Não imagino o que discutiam.
Mas, tenho certeza, o motivo vinha da transmissão.
Alguém discursava no vídeo.
E um deles dizia:
-É mito!
Por sua vez, o outro retrucava:
-Não passa de um idiota.
Mito, idiota. Idiota, mito…
A improvisada plateia, curiosa.
E as vozes se alterando… para horror do dono da padoca.
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Tomei meu café numa só golada – e caí fora.
Boa coisa, não era.
Uma que não acredito em mitos. E de idiotas contumazes, com todo o respeito, quero distância.
Sou do bairro operário do Cambuci, o que que há?
Lá, no tempo em que o Darci era o rei do contra-surdo, o Miltinho arrasava no apito e o Seo Sinval fundou a memorável Império do Cambuci, aprendi que o que é é. O que não é nunca será. Mas, faz um estrago danado se deixarem ser.
Eu, hein!
…
Ah…
Prometo ler o livro – e voltar aqui pra comentar depois. Vai demorar um tanto pois o bichão é bem taludinho. Umas 600 páginas.
…
50 anos da linda canção de Paulo Diniz em homenagem a Caetano e Gil que estavam no exílio em Londres… Havia o sonho e a certeza de que todos éramos um só Brasil.
VERONICA PATRICIA ARAVENA CORTES
26, setembro, 2019Eu amo os mitos, aqueles que trazem uma sabedoria incontornável, quanto mais antigo melhor.
Agora mito nada tem a ver com farsa, engano, engodo…
Mari Guedes
27, setembro, 2019Gosto do que escreve!!
Sensibilidade!